Na habitual crónica semanal, a escritora Catatarina Fortuna “Mãe dos Setinhos”, trás mais um refrescamento a memória colectiva. Leia:
Catatarina Fortuna “Mãe dos Setinhos”*
Tinha a fama de kabetuleira, não que ela fosse uma exímia praticante da arte de driblar a pista com aquela dança caracterizada com passos descontraídos e hilariantes, mas porque ela kabetulava o kilo.
Naquele tempo os preços dos produtos no mercado informal, tinham começado a aumentar e para driblar a situação, criou-se uma artimanha que foi apelidada de Kabetula.
O preço não aumentava. A lata de um quilograma, usada como medida é que era adulterada e, ainda por cima, na hora do atendimento, criava-se uma distracção qualquer e, por magia, metade do produto (arroz,fuba, açúcar, etc), ficava na banheira.
O desafio era chegar a casa e justificar que não tinhas comprado menos e gasto o troco… Aquilo sim, te dava direito a uma mão bem abonada de “skebras”. Uma boa surra e depois te mandavam devolver…
A rainha da kabetula, que parecia ter um sensor, sumia da bancada e o produto nunca era devolvido. Depois se descobriu que eram duas que alternavam entre si quando o cliente regressava para reclamar…
– A dona desta bancada não está… Esper…Kinguilééé.
A solução era só mesmo enfrentar a “Maria das Dores”, da mãe revoltada que depois de descarregar toda raiva…Te diz:
– Agora estão a kabetular… Quanto estão a “te” medir fica atenta… Deixa ainda as brincadeiras. Amanhã não compra mais naquela Besta.
Escritora
afonte