Esta semana, Catarina Fortunato “Mãe dos Setinhos”, trás em reflexão a liberdade e a libertinagem em Angola. Como estamos?
Catarina Fortunato “Mãe dos Setinhos”*
Há uma margem entre o ser o ter, entre o querer e poder e talvez seja esta mesma margem que separa a liberdade da libertinagem. Assim como tudo nos convém, nem tudo nos é licito.
O respeito aprende-se em casa, a educação e a formação são duas coisas diferentes. Uma é a preparação para a vida e outra para a sobrevivência.
Não precisamos ser formados para aprendermos que a democracia é uma ferramenta que quando mal manuseada nos pode ferir profundamente. E ser democrata é, exactamente respeitar as diferenças, exercitando a cidadania de maneira responsável.
Quando éramos crianças, fomos obrigadas a ficar em sentido quando a caravana presidencial passava e, às vezes, exageravam dizendo que tão logo se ouvisse as sirenes, tínhamos de parar o que se estava a fazer e “colar” até que eles se fossem… Sob pena de ser mal interpretados se nos mexêssemos… Em casa treinávamos qual era a posição exacta para ficar “estátua”… A vida seguia!
Os mais instruídos falavam de política e os meninos sabiam que não o podiam fazer… Menino não fala política, nem mais velho no bar… A vida seguia e cada um com sua igreja, clube desportivo ou partido no coração e como o voto era secreto ninguém fazia confusão.
Em 1992, as coisas perderam o controle e comemos até o pão que o diabo amassou…. E nós, crianças, apenas esperávamos a idade da decisão. Crescer e poder votar são formas de liberdade inexplicável: Poder escolher a quem confiar a responsabilidade de guiar este país.
Não é rasgando bandeiras, nem culpando ou fugindo da culpa que se define o rumo de um país. O ponto de encontro será, exactamente ali, onde cada um poderá soltar um grito de liberdade em forma de X e escolher quem quer que seja!
Até lá, vamos respeitar e ajudar quem está no comando porque apesar de tudo, esta Angola é de todos nós!
Escritora
afonte