Por: Catarina Fortunato *
Crescemos conscientes que a escola era a nossa segunda casa e, em consequência disso, os professores nossos pais.
Hoje sabemos que a escola forma e o lar educa, mas não foi sempre assim, pois a figura do professor sempre teve um relevante protagonismo na lapidação do indivíduo na sociedade. Éramos sim educados pelos professores.
Tio Ferro era extremoso, metódico na sua forma de transmitir o conhecimento, agressivo na sua forma de castigar, só quem já passou pelas mangueiras e “Marias das Dores ” dele, consegue traduzir o que viveu. Mas os pais queriam, exactamente uma vaga na explicação do tio Ferro. Ninguém saia dali sem aprender. Hoje cada um de nós guarda na memória os vários episódios que vivemos castigados pelos professores.
“Depois chegou a aculturação, a repressão virou violência contra criança, os encarregados vestiram-se de arrogância e, em vez de parceiros, tornaram-se adversários”
Todos os professores andavam munidos de uma mangueira ou uma palmatória e havia outros castigos que iam desde ficar de joelhos, varrer a escola, e até cortes de cabelo( caminho do mato), tarefas para casa, cópias etc. Quando voltássemos da escola, as vezes, nem conseguíamos queixar o professor(a) pela surra dada, sob pena de voltamos a apanhar dos pais por não termos obedecido o docente. Cada educador tinha a sua personalidade, uns até chegavam a exagerar… Mas nunca nos rebelávamos.
Depois… Depois chegou a aculturação, a repressão virou violência contra criança, os encarregados vestiram-se de arrogância e, em vez de parceiros, tornaram-se adversários.
Os professores são obrigados a submeter-se aos caprichos dos alunos sob pena de serem agredidos e humilhados. A pergunta que não quer calar é: o que é que já se fez para acautelar está situação?
A que se deve tão grande inversão de valores?