A divisão de pontos no clássico entre 1º de Agosto e Petro de Luanda, fruto do empate (2-2), quarta-feira (20), no Estádio 11 de Novembro, ajusta-se, perfeitamente, ao equilíbrio do jogo e ao labor patenteado pelos dois contendores durante os 90 minutos regulamentares.
Os tricolores entraram melhor no jogo e muito cedo tomaram a iniciativa do ataque. Fruto desta atitude, acabou por ser com alguma naturalidade que o Petro criou maior volume ofensivo, beneficiou da totalidade de pontapés de canto e dispôs das melhores ocasiões de golo.
A primeira grande situação de perigo dos tricolores surgiu aos quatro minutos, na sequência de um passe magistral de Gleison, que deixou Eddie Afonso na área e em situação privilegiada para visar a baliza de Neblu, não fosse o lateral do Petro decidido a fazer um passe interior, que encontrou o corte providencial de Jó Vidal. Na jogada, os tricolores ainda ficaram a pedir penaltie, por alegada mão na bola do central do 1º de Agosto.
Umas vezes jogado com intensidade, outras tantas com a bola constantemente parada, em virtude do jogo musculado e pouco atractivo das equipas, o clássico não foi capaz de produzir, na primeira parte, a emoção que se esperava. E, para tal, contribuiu o permanente jogo de contacto físico, com muitas faltas, o que obrigou Bernardo Nangala a recorrer à cartolina amarela para serenar os ânimos.
Apesar da maior posse de bola nos instantes iniciais, os tricolores foram pouco esclarecedores nesse período, pois davam a ideia de falta de arte e engenho nas jogadas colectivas, para, na hora H, traduzirem em golo as oportunidades. E, como quem não marca sofre, diz o velho adágio desportivo, aos 25 minutos, o 1º de Agosto chega ao golo, por intermédio de Bito, na primeira grande situação de perigo. No lance, mérito total para Zine Salvador, a descobrir o colega no “coração da área”.
Os tricolores reagiram rapidamente ao golo sofrido. Inconformados, correram “atrás do prejuízo”. E nesse período, o conjunto do Eixo Viário foi à busca da identidade de jogo, procurou acrescentar “régua e esquadro” às jogadas para corrigir o alvo, obrigando os militares a recuarem e ficarem entrincheirados na sua defesa. Dada a enorme pressão, a muralha defensiva militar desmoronou ao cair da primeira parte (45+4), perante o cabeceamento de Kinito, na sequência de um lançamento lateral, muito bem executado por Pedro. Estava reposta a justiça no resultado.
A segunda parte viria a ser um paradigma da história registada pelo clássico na etapa inicial, com a diferença de ter-se assistido a melhor qualidade de futebol. Ou seja, voltou a pertencer ao Petro a iniciativa de jogo. Numa pressão alta sobre a bola e dinâmica de jogo feito “coletes de força” contra a resistência militar, os tricolores protagonizaram a reviravolta no resultado. O golo de Erico, aos 48 minutos, foi cópia do primeiro, com a diferença de ter sido Kinito a fazer o lançamento lateral. E que lançamento!
Com 1-2 no resultado, o clássico ganhou emoção nas bancadas e maior interesse. A alternância na posse de bola e na disposição de oportunidades de golo continuou a ser a nota predominante. Quer Alexandre Santos, quer Srdjan Vasiljevic foram “obrigados” a fazer mexidas para repensar o ataque. E, diga-se, nesse particular, o treinador do 1º de Agosto teve melhor sorte nas substituições, pois viria a sair do banco Bonifácio, autor do golo da igualdade, aos 82 minutos.
Os minutos derradeiros foram dramáticos, com a indefinição no desfecho da partida a ser evidente, dada a intensidade imprimida por ambos os conjuntos às respectivas jogadas. O jogo acabou com as duas equipas a espreitarem constantemente as balizas.
JA