O anúncio, esta semana, de que o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve três pessoas, suspeitas de falsificarem 50 milhões de dólares na província do Huambo foi recebido com ceticismo por muitos angolanos.
De acordo com o SIC, os valores foram falsificados e impressos numa das gráficas da capital angolana, Luanda. Segundo Amílcar da Costa Pelembi, diretor provincial adjunto do SIC no Huambo, os suspeitos, entre eles um ex-agente das Forças Armadas Angolanas reformado, pretendiam introduzir o dinheiro no circuito financeiro angolano.
“Três indivíduos, na cidade alta, junto do Jardim da Cultura, faziam-se transportar em duas viaturas de alta cilindrada a topo de gama. Numa delas havia volumes de sacos de ráfia e viu-se que se tratava de valores monetários em dólares americanos. Os 25 sacos continham cédulas de dólares falsos no valor facial de 100 dólares [cada]”, anunciou.
Queimar dinheiro
A notícia foi compartilhada pelo próprio SIC nas redes sociais.
No entanto, muitos internautas comentam que são dólares falsos a mais para ser verdade e desafiam as autoridades a queimar o dinheiro em praça pública, para provar a história.
Um utilizador escreveu no Facebook que, se se queima droga publicamente e se chama para isso as televisões do Estado, o povo quer ver “todos os sacos queimados”. Outro internauta pergunta: “Se o dinheiro é falso, será que o carro onde o dinheiro foi apreendido também o é?”
Dúvidas no ar
Em entrevista à DW África, o jornalista Jorge Neto diz que duvida que o dinheiro tenha sido impresso numa gráfica nacional, como avançou o Serviço de Investigação Criminal.
Neto é antigo responsável do jornal “O Continente” e diretor do semanário “Manchete”, órgãos que durante muito tempo trabalharam com gráficas.
“Tendo em conta aquilo que constatámos da qualidade das nossas gráficas, não é possível que sejam produzidas em Luanda estas notas de dólar. A qualidade das nossas gráficas ainda é muito fraca,” garante o jornalista.
O debate nas redes sociais foi motivado, sobretudo, pela alegada boa qualidade que o dinheiro revela nas fotografias publicadas. Mas segundo o jornalista Jorge Neto, “é apenas vermos que o Ministério da Educação recorre a uma gráfica no estrangeiro para a impressão dos livros escolares”.