O antigo ministro da Comunicação Social Manuel Rabelais foi o primeiro angolano a ser apanhado pelo radar do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, sigla em inglês), figurando ao lado dos muitos ricos e famosos, de actores a políticos, envolvidos no escândalo conhecido como Pandora Papers.
e Angola, para já, o único nome avançado é o de Rabelais, mas o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, que tem em mãos um extenso trabalho que comporta a análise de 11,9 milhões de ficheiros confidenciais saídos de dezenas de firmas de advogados, promete revelar outros nomes, visto que Angola figura no grupo dos países com pessoas envolvidas em esquemas de fuga a impostos, corrupção ou outras ilegalidades e relacionadas com a investigação.
O nome de Manuel Rabelais surge nesta investigação devido a três empresas de fachada nas Ilhas Virgens Britânicas: Radwan Ltd, Zilford Investments Ltd e Benclam Holdings Ltd.
Segundo o ICIJ, Rabelais abriu uma conta bancária para a Benclam Holdings na ilha portuguesa da Madeira, um paraíso fiscal.
Na informação agora divulgada consta que Rabelais era dono da Zilford Investments Ltd através de um Vista Trust, uma estrutura secreta exclusiva das Ilhas Virgens Britânicas que está isenta dos requisitos de registo público.
No site do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação lê-se que o Supremo Tribunal de Angola concluiu que as três empresas offshore receberam mais de 2,8 milhões de dólares, e depois transferiram o dinheiro para contas bancárias de Rabelais, familiares do ex-director do Gabinete de Revitalização e Marketing da Administração, nomeadamente dois dos seus filhos.
O ICIJ, que garante ter contactado o advogado do ex-ministro de José Eduardo dos Santos, diz que o causídico não respondeu aos pedidos de comentários.
Manuel Rabelais, ex-director do Grecima, e o seu assistente administrativo, Hilário dos Santos, foram condenados, respectivamente, a 14 anos e seis meses e a 10 anos e seis meses de prisão pelos crimes de peculato sob forma continuada e de branqueamento de capitais no passado mês de Abril, mas os advogados de defesa recorreram da decisão e ambos aguardam os recursos em liberdade devido ao seu efeito suspensivo.
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