A escassez e procura de gás que se verifica há uma semana, tem agitado a cidade capital e faz com que centenas de moradores provenientes de Viana, Zango 3, Rocha Pinto, Cazenga, Kilamba Kiaxi e Ilha de Luanda percorram longas distâncias até chegar à agência de venda da Makambira no Rangel para comprar o gás, e sujeitam-se a estar mais de três horas nas filas.
Agastada com actual momento que atravessam os habitantes, Felizmila de Fátima, moradora do Zango 3, explica ao Expansão que” é difícil acreditar que ainda estejamos a passar por estas dificuldades no nosso País. Estou na fila há 3 horas à espera. Isso é desumano sobretudo quando percebemos que somos ricos em recursos minerais “, lamenta, acrescentando que faz tempo que as agências autorizadas aos serviços da Sonangol deixaram de abastecer os Zangos.
E este é na verdade o grande problema. As botijas deixaram de chegar às zonas limítrofes de Luanda, e agora cidadãos e revendedores caminham para o centro da cidade à procura de gaz. A Angop dava conta em reportagem que estava uma fila de mais de 80 camiões responsáveis pelo transporte de gás de cozinha em Luanda à porta da unidade central de enchimento da Sonagás. Os camionistas reclamavam da morosidade no atendimento, que nos últimos 15 dias passou de três para oito horas o tempo médio do processo de carregamento de uma carga de mil botijas de 12 Kg
No entanto, a Sonangol em comunicado veio defender que “há disponibilidade de quantidades suficientes de botijas de gás para cobrir a demanda a nível da província de Lunada, sendo as Agências autorizadas devem continuar com as vendas”. A Unidade de Gás apela à calma e “recomenda à população para não aderir à compra a preços especulativos, muito menos em revendedores não licenciados para a devida comercialização de gás butano.”
Jovany José, morador na ilha de Luanda e que o Expansão encontrou na fila de gás no Makambira há duas horas, afirmou que o que a Sonangol diz não é verdade e mostra falta de sensibilidade.
“Ouvir o que a Sonangol diz, na prática não condiz com a verdade. Se na verdade houvesse gás em grandes quantidades na minha área, claro que eu e este enchente de gente não teria até à Makambira para ficar por longas horas à espera. Sinceramente, lamento muito ao ouvir isto. A meu ver, a Sonangol devia ser mais coerente sempre que queira passar informações relacionadas sobre as vendas “, concluiu Jovany José.
Já Henrique Antunes, sócio-gerente da Makambira, reconhece as dificuldades que tem vivido para atender centenas de pessoas provenientes de várias partes de Lunada, à procura de gás. Referiu que a sua agência recebe em média por dia 1.650 garrafas, o que não chega para as necessidades de centenas de pessoas que procuram seus serviços.
“Neste momento, nós somo a Agência “mãe”, como maior ou menor dificuldade, tentamos cobrir Luanda com uma venda média diária de 1.650 garrafas cheiras de 12 a 50 Kg, uma vez que há muitos serviços privados de distribuição que estão paralisados”, confirma.
Algumas retalhistas informais confirmaram que não está fácil conseguir o produto, e quando é possível, compram a um preço diferente do legal, não a 1.200 mas a 1.500 Kz, e que revendem entre 2.500 e 3.000 kz, referindo que a semana passada a botija de 12 Kg esteve a ser vendida a 3.500 Kz
Durante a ronda, nos diferentes pontos informais da capital do país, notou-se uma falta generalizada de gás, como muitas dificuldades para comprar.