O britânico de origem angolana Angelo Costa está a planear concorrer à nomeação para a candidatura a deputado no Reino Unido pelo Partido Trabalhista depois de ter falhado um lugar nas listas para as eleições locais de maio.
Angelo Costa perdeu no fim de Fevereiro por três votos na selecção interna dos candidatos do ‘Labour’ pela área de Leytonstone Ward, no município londrino de Waltham Forest, às eleições autárquicas de 5 de Maio.
Porém, disse à agência Lusa: “O interessante é que a maioria dos membros que têm o poder de seleccionar o próximo candidato a deputado disseram-me que gostariam que considerasse candidatar-me à selecção pelos círculos de Leyton e Wanstead ou Chingford e Woodford Green”.
Leyton é actualmente representado pelo trabalhista John Cryer, um eurocético associado à ala esquerda do partido, e Chingford é representado pelo conservador Ian Duncan Smith, igualmente pró-Brexit da ala direita dos ‘Tories’ que foi eleito em 2019 com uma vantagem de 1.262 votos sobre a candidata trabalhista.
“Enquanto Leyton é um assento garantido”, Chingford atrai porque “não é como outros círculos mais difíceis tradicionalmente conservadores fora de Londres, no norte de Inglaterra”, em sítios que disse não conhecer, vincou o londrino de 30 anos.
Os processos de seleção de candidatos não estão ainda agendados, pois as eleições legislativas só estão previstas para maio de 2024, mas representam mais um passo na carreira política que Angelo Costa quer percorrer para se tornar no primeiro eleito no Reino Unido de origem angolana.
Nascido em Luanda, Angelo Eduardo Costa Mengowako viveu em Portugal durante quase um ano antes de se estabelecer no Reino Unido, quando tinha 8 anos, e viveu sempre no leste da capital britânica.
Activo político desde jovem, estudou Direito e concluiu um mestrado em Ciência Política, tendo em 2020 co-fundado a organização Vocal Communities, que trabalha com académicos, políticos e empresas para promover a representação política das minorias étnicas.
“Moro em Waltham Forest e reparei que a maioria dos habitantes eram pessoas com origem em África e Ásia, mas a representação na autarquia era muito baixa. Pelo contrário, no município vizinho de Stratford, os ingleses brancos são a minoria”, explicou.
Apoiada pela universidade SOAS e pelo banco Santander, a iniciativa tem um programa de ensino reconhecido oficialmente que educa os alunos sobre as estruturas políticas e procura dar às comunidades desfavorecidas as competências para influenciarem as autoridades.
“Já tivemos cinco alunos que conseguiram ser eleitos a nível local e isso dá-me muita confiança de que dentro de três-quatro anos possamos ter mais a nível nacional, mas também, no futuro, na Europa, África e Ásia”, afirmou Costa.
Depois de ter participado em várias campanhas políticas, Angelo Costa teve a primeira experiência como candidato em 2018, quando perdeu por 500 votos nas eleições locais de Larkswood, em Waltham Forest, uma região dominada pelo Partido Conservador.
Recentemente, foi recrutado pela agência de comunicação 89up, que tem como clientes organizações não-governamentais humanitárias ou anti-racismo, para ajudar na mobilização de jovens.
Na mesma altura, a agência também contratou Claude Moraes, que foi deputado no Parlamento Europeu entre 1999 e 2020, para diretor de assuntos europeus.