A Argélia anunciou, nesta segunda-feira (18.04), que o seu embaixador em Madrid voltaria ao cargo com a condição de que o Governo espanhol forneça “esclaracimentos prévios” sobre a mudança de postura a favor da posição marroquina na questão do Sahara Ocidental.

Marrocos e o povo saharaui liderado pela Frente Polisário, apoiados pela Argélia, enfrentam-se há décadas num conflito por esta vasta área desértica, considerada “território não autónomo” pela ONU.

Marrocos, que controla quase 80% do Sahara Ocidental, propõe um plano de autonomia sob a sua soberania, enquanto a Frente Polisário pede um referendo de autodeterminação, previsto pela ONU quando foi estabelecido um cessar-fogo em 1991, mas que nunca se concretizou.

“O regresso do embaixador argelino à Madrid será decidido soberanamente pelas autoridades argelinas após esclarecimentos prévios e francos”, declarou Amar Belani, enviado especial encarregue da questão do Sahara Ocidental, citado pela agência argelina APS.

Segundo Belani, esses “esclarecimentos” são necessários para “reconstruir uma confiança gravemente danificada com base em princípios claros e previsíveis e de acordo com o direito internacional”. Não é uma “raiva temporária”, acrescentou.

Essas declarações acompanham as do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, que disse nesta segunda-feira a uma televisão espanhola que esperava poder resolver este problema diplomático num “breve espaço de tempo” para que o seu país possa manter uma relação “positiva e estratégica” com Marrocos e a Argélia.

Para Belani, são “palavras desconcertantemente leves” para “se isentar da grande responsabilidade pessoal de adoptar esta surpreendente virada na questão do Sahara Ocidental, que rompe com a tradicional posição de equilíbrio da Espanha”.

Até agora neutro, Sánchez anunciou publicamente a 18 de Março o apoio ao plano de autonomia marroquino, que considera agora “a base mais séria, realista e credível” para a resolução deste conflito sobre o Sahara Ocidental.

ANGOP