Frederik Willem de Klerk, o último Presidente da África do Sul na era do apartheid, morreu, quinta-feira (11), aos 85 anos, anunciou a sua fundação, citada pelas agências internacionais.
De Klerk era uma das mais importantes personalidades a participar na transição para a democracia na República sul-africana.
A morte foi confirmada por fonte oficial da fundação de Frederik Willem de Klerk: “O antigo Presidente morreu no início da manhã na sua casa, em Fresnaye, na Cidade do Cabo, depois de uma luta contra o cancro”, disse Dave Steward.
Frederik Willem de Klerk venceu com Nelson Mandela o Prémio Nobel da Paz, em 1993, “pelo trabalho a favor do fim pacífico do regime do apartheid e por lançar as bases para uma nova África do Sul democrática”, explicou o comité do galardão na altura.
Foi ele quem libertou Mandela da prisão. O activista veio depois a assumir a Presidência da África do Sul, em 1994, com Frederik Willem de Klerk como número dois.
Um relatório publicado quatro anos depois sobre as atrocidades praticadas no apartheid ainda apontava responsabilidades a De Klerk, mas o ex-Presidente protestou em tribunal e ganhou o processo, ilibando-se das acusações.
Sete meses depois de ter assumido a liderança do Partido Nacional, De Klerk tornou-se Presidente da África do Sul nas últimas eleições em que só pessoas brancas podiam votar. Precisamente um ano depois de ter tomado posse, a 2 de Fevereiro de 1990, anunciou, ao Parlamento, que iria libertar Nelson Mandela, após 27 anos de cativeiro. O processo de negociação ainda durou quatro anos, mas abriu portas para o fim da segregação na África do Sul.
Com o aprofundamento do isolamento da África do Sul e a economia outrora sólida a deteriorar-se, de Klerk anunciou, também, no mesmo discurso, o levantamento da proibição do Congresso Nacional Africano (ANC) e de outros grupos políticos anti-apartheid.
Vários membros do Parlamento abandonaram nesse dia a câmara legislativa enquanto o Presidente discursava. Nove dias depois, Mandela saiu livre.
Após quatro anos, Mandela foi eleito o primeiro Presidente negro do país, quando os negros puderam votar pela primeira vez.
O papel de De Klerk no apartheid e as visões que tinha sobre o regime sempre causaram dúvidas e suscitaram novas críticas mais recentemente. Em 2012, o antigo Presidente sul-africano condenou os efeitos do apartheid, mas não recuou na defesa de um sistema de cidadãos “separados, mas iguais”.
Filho de Johannes de Klerk, que foi ministro do Partido Nacional e participou no estabelecimento do apartheid como o sistema sócio-político oficial da África do Sul, e de Hendrina Cornelia Coetzer, cuja família paterna era originalmente austríaca, as raízes de Frederik Willem de Klerk fazem dele descendente de Eva Krotoa, uma tradutora que trabalhou com a Companhia Holandesa das Índias Orientais durante a fundação da Colónia do Cabo, no Cabo da Boa Esperança (a primeira colónia naquela região) e que teve descendentes com um holandês.