Mulheres detidas num acampamento que abriga familiares de militantes do autoproclamado Estado Islâmico na Síria tentaram sequestrar guardas curdos na segunda-feira, tumulto que levou a um tiroteio que causou a morte a uma criança e vários feridos.
Um oficial curdo, citado pela agência Associated Press (AP), apenas confirmou a tentativa de sequestro dos guardas, no Al Hol, extenso acampamento no nordeste da Síria, onde dezenas de milhares de mulheres e crianças, principalmente esposas, viúvas e filhos de membros do Daesh, são mantidas.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, revelou que mulheres detidas no campo de Al Hol tentaram sequestrar guardas, levando a um tiroteio onde uma criança de 10 anos acabou por morrer e mais seis mulheres e crianças ficaram feridas.
Esta organização não-governamental (ONG) referiu ainda que o tiroteio causou um incêndio e que as mulheres não conseguiram sequestrar os guardas.
Um outro oficial curdo, citado pela AP, mas que não se identificou, disse desconhecer a tentativa de sequestro, mas revelou que existiram tumultos numa pequena seção que continha principalmente mulheres e crianças estrangeiras.
Esta fonte apontou que sete mulheres e crianças ficaram feridas durante os distúrbios de segunda-feira.
Cerca de 50.000 sírios e iraquianos estão em Al Hol, sendo que quase 20.000 destas são crianças.
Num acampamento sobrelotado, várias famílias vivem muitas vezes amontadas em tendas, as instalações médicas são mínimas e o acesso à água potável e saneamento é limitado.
O incidente de segunda-feira ocorreu numa secção separada e fortemente vigiada do acampamento, onde 2.000 mulheres de 57 outros países estão lá localizadas e que abriga cerca de 8.000 crianças.
Estas mulheres são consideradas as mais persistentes defensoras do Daesh.
O Observatório registou 84 crimes dentro do campo em 2021, que resultaram na morte a 89 pessoas, incluindo dois polícias curdos, 67 iraquianos e 20 sírios.
O ataque ocorreu dias depois do principal líder do autoproclamado Estado Islâmico, Abu Ibrahim al-Hashemi al-Qurayshi, ter sido morto na sequência de um ataque dos Estados Unidos ao seu esconderijo no noroeste da Síria.