O Presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, foi designado na tarde desta terça-feira “mediador” na crise chadiana pela Comunidade dos Estados Centro-Africanos (CEEAC) reunida em cimeira extraordinária em Kinshasa, segundo o comunicado final da reunião.
Durante a cimeira convocada pelo chefe de Estado congolês que assegura actualmente a presidência rotativa da CEEAC, os países participantes analisaram a situação do Chade onde na passada quinta-feira, marchas organizadas pela oposição resvalaram em confrontos entre manifestantes e forças policiais, com um balanço de pelo menos 50 mortos e cerca de 300 feridos.
Durante estas manifestações cujo objectivo era protestar contra as decisões resultantes do Fórum de Diálogo Nacional, encontros boicotados pela oposição que terminaram no começo de Outubro e durante os quais foi estipulado o prolongamento por mais dois anos da transição política e também foi concedida a possibilidade de brigar a presidência ao actual líder do país, Mahamat Idriss Déby Itno, no poder há 18 meses com o apoio do exército.
Na reunião desta tarde em que estava presente o líder chadiiano entre os 11 chefes de Estado e representantes dos países membros da CEEAC, o actual Presidente da organização regional considerou que os acontecimentos do passado dia 20 de Outubro foram “uma derrapagem dramática”. Felix Tshisekedi lamentou também que o consenso esperado na sequência do “diálogo nacional e inclusivo” que era suposto “preparar o terreno” para eleições democráticas, “pareça ter voado em estilhaços”.
Ao considerar que “agora se trata de colocar a transição de volta nos trilhos”, o Presidente congolês e doravante igualmente ‘mediador’ da crise chadiana garantiu que “não vai poupar esforços para cumprir” a sua missão e trabalhar “em prol da paz” na região.
Na sua declaração final, os participantes da cimeira também “lançaram ao governo e ao povo do Chade um apelo pela paz” e “condenaram veementemente o recurso à violência para fins políticos”. Por outro lado, a cimeira “exortou os parceiros bilaterais e multilaterais do Chade, particularmente as Nações Unidas e a União Africana, a manter e fortalecer o seu apoio diplomático, financeiro, material e técnico necessário para o processo de transição”.
Na sequência das manifestações da passada quinta-feira, o governo chadiano deu conta de 50 mortos e cerca de 300 feridos e acusou a oposição de ter fomentado “uma insurreição” e “um golpe de estado”, o Presidente chadiano tendo referido ontem que potências estrangeiras estariam igualmente envolvidas nesta alegada tentativa de desestabilização.
Esta não é contudo a versão dos acontecimentos enunciada por ONGs e fontes médicas que falaram em dezenas de “manifestantes pacíficos” mortos a tiro em N’Djamena e em quatro cidades do sul do país. Ontem, ao acusar o poder chadiano de “graves violações dos Direitos Humanos” a Organização Mundial contra a Tortura falou inclusivamente em “pelo menos 80 mortos” durante a repressão das manifestações da passada quinta-feira.
Fonte: RFI