Na sexta-feira, 2 de Dezembro, o presidente sul-africano, a oposição sul africana apelou o presidente Cyril Ramaphosa a demitir-se do cargo, depois de uma comissão parlamentar ter concluído que o chefe de Estado violou leis anti-corrupção, roubando e escondendo dinheiro.
Com base nesta polémica, a fonte entrevistou o jornalista e analista político angolano, José Gama, radicado na África do Sul.
Segundo o jornalista, apesar do escândalo, Ramaphosa ainda goza de popularidade no seu partido ANC que vai realizar congresso nos próximos dias. Gama salienta que os casos de corrupção tem reduzido a influência do ANC no seio dos eleitores sul africanos.
A fonte (AF): Resumidamente, o que se passa com o presidente Sul Africano?
José Gama (JG): Em Fevereiro de 2020, ocorreu um assalto na fazenda do Presidente e o mesmo não deu conhecimento a polícia de imediato para que se abrisse um processo, conforme determinam as regressas na África do Sul. Os assaltantes levaram consigo divisas, e dia seguinte usaram o dinheiro para compra de viaturas.
Af: E Ciryl Ramaphosa tem culpa no cartório?
JG : Ao não abrir uma queixa, o presidente permitiu que o dinheiro fosse levado, com a compra de carros e que os assaltantes efectuassem depósitos irregulares abusando do sistema financeiro da Africa do Sul.
Af : Há razões para os três partidos da oposição e uma ONG exigirem a demissão do presidente daquele país?
JG – Os partidos que pedem demissão do Presidente fazem notar que quando o mesmo tomou posse para o cargo de alto magistrado da nação, o mesmo fez duramente prometendo respeitar as leis da Africa do Sul e as fazer cumprir. Entendem que o Presidente não honrou o seu compromisso ao não reportar a policia o roubo na sua fazenda, e por também manter avultadas divisas na sua propriedade, uma vez que não convenceu sobre a origem dos dólares. Alegou que é proveniente da venda de carne de caça. A oposição tem reagido dizendo que a moeda para fins comerciais no pais é o rands e não o dolar, e têm-no desafiado a provar os impostos pagos pela venda dos animais de caça.
Af: Gama vive na África do Sul e acompanha sempre o evoluir da política e não só. Acha que ANC está em queda livre?
JG: Desde que Mandela e Thabo Mbeki deixaram o poder que o ANC veem reduzindo os seus resultados eleitorais, o que implica dizer que está em declínio. Presentemente e pela primeira vez que o pais vive uma bicefalia em termos de poder. O ANC tem o poder central controlando governo e ao mesmo tempo é oposição no poder local. Tivemos eleições em Novembro de 2021, e o ANC teve 46% dos resultados, os resultados mais baixos da sua historia. Quer dizer que controla 46% dos municípios e outra parte esta com a oposição.
Af: África do Sul vai a eleições em 2024. Ramaphosa e o candidato natural?
JG: O ANC realiza congresso dentro de semanas e até aqui o Presidente Ramaphosa é o forte candidato a sua sucessão. Vai concorrer com um antigo ministro da saude que foi afastado pro lemas de corrupção e provavelmente com Nkozozana Zuma, que com ele disputou no congresso passado. Se ele não renunciar ou se o ANC dar-lhe voto de confiança, o Presidente Ramaphosa será o candidato natural nas eleições de 2024.