Angola se absteve na condenação da invasão russa à Ucrânia, quando a maior parte do mundo se alinhou contra Moscovo na Organização das Nações Unidas nesta quarta-feira para exigir que a Rússia se retire do território ucraniano.
A condenação teve apoio de 141 dos 193 Estados-membros das Nações Unidas. A resolução teve apenas cinco votos contra (Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte e Eritreia) e 35 abstenções.
Entre os Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP), Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste votaram a favor, como Portugal e Brasil, e o voto da Guiné-Bissau não terá sido registado, segundo avançaram as agências nesta tarde. Para de Angola, Moçambique é um dos países que abstiveram-se.
O Governo moçambicano, por sua vez, defendeu hoje a “cessação das hostilidades” no conflito entre Moscovo e Kiev e o relançamento de um “diálogo construtivo”, frisando que está em contacto com os moçambicanos que fugiram da Ucrânia devido à invasão russa.
O texto “deplora” a agressão russa contra a Ucrânia e “exige” a Moscovo que ponha fim a esta intervenção militar e retire imediatamente e incondicionalmente as suas tropas do país vizinho.
Precedida por mais de dois dias de intervenções na ONU, a resolução também “condena a decisão da Rússia de aumentar o alerta das suas forças nucleares”.
“Agressão contra a Ucrânia”
O texto, apresentado pela União Europeia em coordenação com a Ucrânia, e subscrito por mais de uma centena de países, lamenta “nos mais veementes termos a agressão da Rússia à Ucrânia” e afirma “o seu apoio à soberania, independência, unidade e integridade territorial” deste país, incluindo “as suas águas territoriais”.
Intitulada “Agressão contra a Ucrânia”, a resolução apela ainda ao acesso sem entraves à ajuda humanitária e “lamenta o envolvimento da Bielorrússia” no ataque à Ucrânia.
A Assembleia Geral da ONU foi convocada para esta sessão de emergência, a primeira desde 1997, depois de não ter sido possível fazer passar uma resolução condenando a invasão russa da Ucrânia no Conselho de Segurança, onde a Rússia, como membro permanente, tem poder de veto.
Na Assembleia Geral não há poder de veto e, de acordo com as regras especiais da sessão de emergência, uma resolução precisa da aprovação de dois terços dos países que votam, e as abstenções não contam.
As resoluções deste órgão plenário não são juridicamente vinculativas, mas têm influência e reflexo na atuação e opinião internacional.