Há analistas que defendem ser uma declaração clara da intenção de João Lourenço de concorrer a novo mandato nas eleições de 2022. Mas há quem diga ser a admissão de que Lourenço fez pouco pelo país.
O politólogo angolano, Agostinho Sicatu, concorda, “com reticências”, como diz, que um país não se constrói em dez anos, como referiu, recentemente, o Presidente João Lourenço em pronunciamentos recentes.
Um país “… também não se constrói em 100 anos. O país constrói-se no período em que as capacidades humanas e a liderança definirem”, disse o analista à DW África.
“Ou seja, quando há vontade, pode-se construir um país em pouco tempo. Quando não há vontade, mesmo depois de 40 anos, não há país construído”, acrescentou.
João Lourenço prepara-se para voltar a concorrer
Para Sicatu, a afirmação do Presidente pode ser “um sinal claro” de que João Lourenço quer mais um mandato nas eleições de 2022. “E está já antecipadamente a justificar que não será ele o construtor do país. Poderá ser um ou outro”.
Mariano Brás, diretor do Semanário “O Crime”, traz exatamente essa questão na edição desta semana da sua publicação. Para o jornalista, o Presidente “está a cair na real”.
“Aquando do período da sua eleição, o Presidente teve um discurso populista. Dez promessas que, de antemão sabia que eram impossíveis de realizar”, disse Brás, concluindo que a afirmação em causa demonstra que Lourenço estava ciente do facto.
Críticas à governação do Presidente
Por exemplo, na campanha eleitoral de 2017, o candidato prometeu a transformação da província angolana de Benguela em “Califórnia de Angola”.
Mariano Brás, foi constituído arguido num processo em que é acusado de difamar o Presidente angolano. O jornalista diz que, agora, pode-se concluir que os pronunciamentos do Presidente dão razão a suas críticas à atual governação.
“Devemos regozijar-nos pelo Presidente ter vindo a público dizer que é incapaz de fazer o melhor para esse povo angolano. Ele agora dá-nos a opção de escolhermos um novo Presidente que possa, em 10 anos, garantir uma vida social melhor a esse povo sofredor”, disse Brás à DW África.
DW