• 19 de Abril, 2025

Angola: Mais protestos contra propinas?

 Angola: Mais protestos contra propinas?

Luta contra propinas|afonte

A organização da marcha deste sábado (25.09), contra o aumento das propinas nas instituições de ensino público e privado, anunciaram novos protestos para os próximos dias. O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), quer anulação do decreto presidencial, que autoriza esta subida na ordem dos 15% a 25%.  Em declarações a afonte, Esperança Veiga, coordenadora da manifestação do último fim-de-semana, disse que, para além da que foi realizada, estão convocadas mais três protestos em Outubro.  “A segunda será no dia 09 do próximo mês, depois nos dois sábados seguintes”, anunciou.  Questionada sobre se estes protestos resultarão em alguma coisa, Esperança, respondeu: “Se não resultarem vamos insistir para que resulte.” 

Impasse

A concentração da marcha de sábado, foi no cemitério da Santa Ana. Dezenas de estudantes e activistas fizeram-se presentes entre eles Serrote José de Oliveira. “Estamos aqui para mandar um recado ao Executivo porque eles criaram a sua desavença política e nós é que estamos a pagar. Queremos fazer chegar mais uma vez a palavra a quem é de direito que as propinas não deviam subir porque queremos estudar e com essa subida muita gente ficará fora do sistema de ensino.”  A marcha registou vários impasses entre a organização e a polícia. O primeiro ocorreu logo no local da concetração. A corporação dizia que não se podia realizar a manifestação por falta de “autorização”. Mas a organização afirmava que “não tinha culpa se o Governo Provincial de Luanda não deu a conhecer ao Comando depois da entrada da carta na segunda-feira”. Depois de conversações, a marcha, finalmente começou.  Contudo, houve um segundo impasse no Viaduto de Luanda (arredores da Unidade Operativa).  “Enquanto MPLA continuar no poder, o povo angolano vai continuar a ser escravo. Todas as medidas que quiserem tomar, nós só vamos obedecer. Porque? Porque não tem vozes que se levantam”, reclamou Serrote José de Oliveira. Os manifestantes pretendiam chegar até ao Ministério das Finanças passando pelo 1º de Maio onde decorria o ensaio de um grupo carnavalesco, mas a polícia que assegurava a marcha, direccionava-lhes para o Largo das Escolas. O objectivo era não “colidirem” com a manifestação cultural.  O terceiro e último impasse, foi há escassos metros do Largo da Independência. No local, registou-se o reforço do corpo de segurança que colocou barreiras constituída por agentes, carros e cães. A marcha terminou com a maioria sentada enquanto decorria as negociações, sem sucesso,  entre a polícia e organização.  

Tentativas de agressões 

Por causa das duas manifestações (contra as propinas e o ensaio cultural), a circulação rodoviária na avenida Diolinda Rodrigues, nomeadamente depois do viaduto, estava cortada ao trânsito. Por isso, muitos cidadãos viram-se obrigados a andar a pé porque nenhuma viatura passava com excepção as viaturas especiais (carros da polícia, bombeiros e ambulâncias). Mas, há dada altura, houve tentativa de impedimento a uma ambulância que, aparentemente transportava um paciente ao hospital. Alguns agentes e activistas foram forçados a intervir.  Porém, a mesma sorte nao teve o câmaraman da Televisão Pública de Angola (TPA), que não escapou as agressões verbais de alguns manifestantes. Entre os agentes policiais, o reporter ouvia os cidadãos a gritarem:  “Seus marimbodos. Vão embora. Não ficam aqui.”  Francisco Teixeira presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), teve de intervir.  

“Propinas Not” 

Em 2019, surgiu em Angola o “Movimento Propinas Not”. Uma iniciativa que visava impedir entrada em vigor de um decreto presidencial que autorizava a cobrança de propinas nas instituições de ensino público no país. Na altura, realizaram-se também marchas, vigílias, encontros com as autoridades governamentais, mas nada tinha resultado.  Arante Kivuvu, activista angolano, foi um dos mentores da iniciativa. À afonte, disse: “Quando levamos a cabo o projecto “Propinas Não”, fomos ignorados por muitos. Naquela altura, nós já prevíamos que Angola não está preparada para implementar propinas no ensino público e, subsequentemente o seu aumento nas privadas, por causa da economia que não era estável no seio das famílias”, revelou tendo acrescentado que “hoje, mais do que nunca estamos arcar com as consequências”. Arante não tem dúvidas: “A lei das propinas é pecadora e exclusiva porque vai matar o sonho dos filhos dos pobres”, concluiu. 

afonte

 

Artigos relacionados