O presidente da Associação dos Angolanos na Ucrânia, Manuel de Assunção, garantiu à DW que a sua organização conseguiu retirar da zona de conflito na Ucrânia cerca de 90 cidadãos angolanos e de outras nacionalidades, sem receber qualquer apoio do Estado angolano.
O jovem angolano, enquanto transitava num táxi, transportando mais cidadãos africanos de território ucraniano para território polaco, disse: “Uhryniw é a fronteira que liga Lwiw e a Polónia”.
O líder da associação dos angolanos reitera a determinação de continuar o processo de retirada dos compatriotas até que último angolano abandone o país. Conta que há seis dias que os estudantes angolanos lutam sozinhos.
“Uma luta, desde o primeiro dia! Chegamos à cidade que faz fronteira e pegámos os táxis, foram para a foronteira, foram 2 horas e meia, mas a fronteira estava congestionada e deixaram-nos a 30 km da fronteira, tivemos que caminhar a pé 30 km”, conta.
Confiar apenas na interajuda
Assunção revela que na fronteira “as pessoas ficaram expostas a uma grande confusão a noite toda. Houve desmaios, houve casos de racismo… Mas no dia seguinte mudámos a lógica de entrada na Polónia e descobrimos uma embaixada alternativa.”
O jovem diz que, nestes momentos, apenas se pode confiar a solidariedade e interajuda entre os cidadãos afetados.
“Nós saímos por meios próprios. Cada um foi pegando no seu valor. Pagámos os táxis do nosso próprio bolso. Os estudantes foram ajudando uns aos outros”, conta.
Note-se que a agência LUSA referia num artigo publicado no domingo (28.02) que a Embaixada de Angola na Polónia está a proceder desde sábado (27.02) ao acolhimento e retirada dos estudantes angolanos “que o desejarem” no posto fronteiriço de Korczowa-Krokowets, aconselhando-os a fazerem-se acompanhar dos respectivos documentos de viagem.
Angolanos negam apoio do Governo
A DW contactou nesta terça-feira (01.03) a Embaixada de Angola em Varsóvia, para saber que tipo de apoio os serviços consulares estão a prestar aos seus cidadãos. Mas a representação diplomática, no entanto, não deu as explicações desejadas, avisando que “qualquer informação sobre a matéria deverá ser transmitida pelo Ministério das Relações Exteriores da República de Angola.”
A DW tentou durante a tarde desta terça-feira (01.03) e por várias vias entrar em contacto com o gabinete de imprensa do Ministério angolano das Relações Exteriores em Luanda, mas sem sucesso.
Manuel Assunção reafirma que as notícias de que o Governo angolano terá apoiado financeiramente a retida dos angolanos da Ucrânia, não correspondem à verdade.
“Pedimos apoio, mas não chegaram nenhuns apoios. Mas era urgente. Aqui tem guerra de verdade. Neste momento as cidades da Ucrânia estão ameaçadas. E todo o mundo quer saír daqui.”