Os contornos dos ataques de Paris em 2015 começaram a definir o julgamento que arrancou esta quarta-feira.
Salah Abdeslam, o único sobrevivente do grupo que terá executado os atentados em vários pontos da capital francesa, apresentou-se em tom de desafio, declarando ter como profissão “combatente do Estado Islâmico” e que “Alá é a única divindade que existe”.
O franco-marroquino de 31 anos queixou-se ainda de que ele e outros 10 acusados são “tratados como cães na prisão”.
“Não foi uma surpresa este comportamento. Foi exatamente o que fez em Bruxelas. O que surpreende é que, em vez de ser coerente e calar-se, responde a metade das perguntas, como a morada. Percebe-se que não há grande inteligência por detrás desta postura”, afirma Arthur Dénouveaux, sobrevivente do Bataclan.
Outro sobrevivente, Thierry, revela: “Não tinha expetativas, mas não fiquei indiferente quando o vi. Ele mudou um bocado, tem barba. Mas enfim, vou confrontá-lo, não tenho medo”.
Os nove meses previstos de processo anunciam mais relatos como estes.
Segundo Paul-Mathieu de La Foata, advogado de uma das vítimas, “estamos perante um abismo de violência, de horror. O enquadramento que está a ser dado e o processo penal respondem a regras muitas precisas para podermos chegar a factos concretos, ganhando alguma distância sobre o que se passou, de forma a conseguirmos reconstruir-nos”.
Da sombria noite de 13 de novembro de 2015, do Estádio de França ao Bataclan, contaram-se 130 mortos, mais de três centenas de feridos e um país em estado de choque.
Euronews