Luanda – O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) decidiu retirar imediatamente todo o seu pessoal internacional da Etiópia.
Segundo uma nota de imprensa enviada à redacção da A Fonte, o banco avança que escritório vai permancer aberto sob a direção de um responsável. A medida não vai penalizar o pessoal recrutado a nível nacional na Etiópia, que continuará o seu trabalho e permanecerá em pleno emprego no BAD.
Estas decisões surgem na sequência da recente violação do protocolo diplomático e da agressão por parte das forças de segurança etíopes a dois membros do pessoal internacional do Banco Africano de Desenvolvimento.
No passado 31 de Outubro deste ano, dois membros do pessoal sedeado em Adis Abeba, capital da Etiópia, foram “ilegalmente presos, agredidos fisicamente e detidos durante horas sem qualquer acusação ou explicação oficial”, relata o branco em nota de imprensa.
“Tratou-se de uma violação grosseira das suas imunidades, direitos e privilégios diplomáticos pessoais ao abrigo do Acordo de País Anfitrião do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento com o Governo da República Federal Democrática da Etiópia”.
Ao tomar conhecimento do incidente, lê-se no documento, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, contactou as autoridades do governo etíope ao mais alto nível, só assim é que os dois membros do pessoal do Banco foram libertados.
O Banco Africano de Desenvolvimento exigiu ao governo da Etiópia em Novembro, olicitando uma investigação completa e transparente do incidente.
O presidente do BAD enviou também uma delegação de alto nível de funcionários do Banco, chefiada pelo seu Vice-Presidente Sénior, a Adis Abeba, em 22 de Novembro, para dialogar com as altas autoridades etíopes sobre o assunto e para se reunir com o pessoal do Banco no escritório da Etiópia, em Adis Abeba. O Presidente do Banco afirmou que “a avaliação da delegação do Banco indica que a situação ainda não está resolvida de forma satisfatória, e também não garante plenamente que todos os funcionários do Banco Africano de Desenvolvimento se sintam seguros e protegidos para desempenhar as suas funções e circular pelo país sem receio de assédio”.
Entretanto, o Banco Africano de Desenvolvimento continua particularmente preocupado com o facto de o governo etíope não ter, até à data actual, “partilhado com o Banco qualquer relatório ou detalhes das investigações sobre o incidente”, acrescentou Adesina.
O nigeriano que dirige o BAD disse por outro lado, que “o incidente de Outubro continua a causar muita ansiedade em todo o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e especialmente entre os funcionários do escritório da Etiópia. O incidente também levantou preocupações entre os acionistas do Banco, outros bancos multilaterais de desenvolvimento, instituições financeiras internacionais, a comunidade diplomática em geral e outras partes interessadas”.
Adesina sublinhou que o Banco Africano de Desenvolvimento fará tudo o que for possível para garantir a segurança do seu pessoal e a proteção dos seus direitos e privilégios no exercício das suas funções.
A este respeito, como medida de precaução, disse, o pessoal internacional do Banco na Etiópia trabalhará remotamente, fora do país, até que as conclusões das investigações do governo sobre o grave incidente sejam compartilhadas de forma transparente com o Banco, e todos os detalhes das medidas tomadas para trazer os culpados para livro sejam tornados públicos.
Adesina afirmou que o Banco Africano de Desenvolvimento continua empenhado em apoiar o desenvolvimento socioeconómico do país.
Em Setembro de 2023, a carteira em andamento do Banco na Etiópia, composta por 22 projectos, totalizava 1,24 mil milhões de dólares.
“Embora o Banco aprecie as excelentes relações que tem com a Etiópia até este incidente flagrante, a continuidade das suas operações e a futura presença no país podem ser afetadas negativamente se o incidente não for totalmente resolvido”, sublinha Akinwumi Adesina