Lusa: Os bispos católicos angolanos defenderam hoje “verdade, justiça e transparência” na preparação das eleições gerais, previstas para agosto próximo, e exortaram todos os cidadãos a participarem do processo com “alto sentido de responsabilidade” e a “evitarem absentismo”.
“O ano de 2022 é o ano das eleições para a consolidação da nossa democracia ainda jovem e débil embora já com alguma história no tempo. A democracia fortificada contribui, por sua natureza, indubitavelmente para a afirmação da dignidade humana, o reforço da justiça, da paz e do bem-estar entre os cidadãos”, afirmou hoje o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), José Manuel Imbamba.
Segundo o prelado católico, que falava na abertura da primeira assembleia plenária ordinária dos bispos da CEAST, que decorre até 07 de fevereiro, na província de Benguela, a sociedade “aguarda com expectativa” estes acontecimentos (eleições gerais).
Mas, ao mesmo tempo, assinalou, “apelo a todos os cidadãos, dirigentes e dirigidos, políticos e e sociedade civil a um alto sentido de responsabilidade, por isso renovo o convite a todos participarmos das eleições, pois é um dever cívico”.
Os católicos “devem evitar o absentismo, todos devem ter ou renovar o cartão de eleitor. As eleições hão de correr como queremos se forem bem preparadas na verdade, transparência, honestidade e justiça”, realçou o prelado.
Para o sucesso das próximas eleições gerais em Angola, previstas para a segunda quinzena de agosto de 2022, “há que se investir, uma vez mais e com paciência, na educação cívica dos cidadãos, a educação para a democracia cultiva-se”.
“Todos temos o direito de promover aqueles valores acima de toda e qualquer disputa política, tais como a boa convivência, a tolerância, a fraternidade, o amor ao próximo, o respeito pela opinião alheia, a abertura permanente ao diálogo, a irmandade, a paz, acima de tudo a nação, a cidadania e o bem-estar para todos”, exortou.
A Constituição da República de Angola (CRA) revista estabelece que as eleições gerais no país devem ser realizadas na segunda quinzena do mês de agosto.
José Manuel Imbamba entende, por outro lado, que a campanha eleitoral, visando o pleito de agosto, “só será bem-sucedida se for baseada no respeito mútuo e todos os partidos reconhecidos tiverem o direito e a oportunidade de expressar o seu ideário”.
“Sem excessos e cegos fanatismos, que geram o clima de crispação, rixas, medo, incerteza e falta de confiança no futuro, sejamos construtores de pontes e não de muros de separação, façamos render as nossas inteligências não para maquinar o mal, o ódio, a intriga, a calúnia, a exclusão”, notou.
O presidente da CEAST reprova também os “discursos musculados e incendiários, e tantos outros horrores hostis à sã convivência”, no decurso da campanha eleitoral, defendendo a necessidade dos atores políticos “lerem os sinais dos tempos e interpretá-los à luz da sabedoria e humildade”.
“Por Angola todos nós devemos nos sentar para nos ouvirmos, por Angola todos nós devemos nos despir das nossas diferenças para termos a única vestimenta que é Angola, a nossa pátria que tanto amamos e que queremos ver brilhar”, defendeu.
A vida pastoral da igreja católica angolana e a condição sociopolítica e económica do país são alguns dos pontos que vão nortear os trabalhos dos bispos católicos, que devem igualmente produzir uma nota pastoral sobre as próximas eleições gerais.
Em relação à igreja Católica angolana, o também arcebispo de Saurimo assinalou a vivência do primeiro ano do triénio dedicado à criança, a nível da CEAST, referindo que a ocasião é oportuna para reflexão profunda sobre a criança na igreja e na sociedade.
“Ela (a criança) de facto é a garantia do futuro da igreja e de qualquer nação, por isso os cuidados para com ela representam prioridade absoluta, é por isso também que a pastoral da criança é das mais importantes da igreja”, realçou José Manuel Imbamba.
A “pobreza, a falta de assistência médica, de escolas, os vários abusos, de que as vezes é vítima, a fome, a desnutrição constituem alguns dos males que nos preocupam a atentam contra sua identidade e dignidade e comprometem o futuro da sociedade”, rematou o arcebispo angolano.