• 30 de Novembro, 2024

Bolsonaro apela aos “valores cristãos” para conquistar o voto evangélico no Brasil

 Bolsonaro apela aos “valores cristãos” para conquistar o voto evangélico no Brasil

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que pretende renovar o mandato nas eleições de Outubro, pediu na sexta-feira a centenas de bispos evangélicos que usem sua palavra para alertar sobre os ‘valores cristãos’ contra uma alegada ameaça da esquerda.

“Vocês são importantes, a política faz parte da nossa vida e milhões de pessoas ouvem suas palavras”, disse Bolsonaro a centenas de bispos reunidos numa convenção das Assembleias de Deus do Ministério Madureira, formadas por igrejas evangélicas que, nos últimos anos, aumentaram sua influência em todo o Brasil.

No entanto, apesar da expansão dessas igrejas, nas quais Bolsonaro estabeleceu parte da sua base política, as últimas sondagens reflectem um avanço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre eleitores evangélicos, e já aparece empatado tecnicamente com o Presidente brasileiro na preferência deste eleitorado.

Uma sondagem divulgada na quinta-feira pelo Datafolha indicou que Bolsonaro perdeu terreno e conta com 39% de apoio entre os evangélicos, contra 36% deste público que declarou votar em Lula da Silva.

Nesse contexto, Bolsonaro exortou os pastores a defenderem “valores cristãos” contra alegadas “ameaças” da esquerda.

“Essas pessoas que agora se apresentam como solução não respeitam a família, querem sexualizar as crianças, dizem que vão colocar os militares e os pastores em seus devidos lugares, dizem que o aborto é como arrancar um dente e querem calar [nossa] boca nas redes sociais”, disse Bolsonaro.

“Sempre espero coragem, sabedoria e força de Deus”, acrescentou o Presidente brasileiro, que se dirigiu aos pastores afirmando que eles devem usar o “poder de sua palavra” para alegadamente alertar “onde o Brasil pode chegar” em caso de vitória de Lula da Silva, que é o principal líder do Partido dos Trabalhadores (PT).

O ex-presidente brasileiro, por sua vez, adoptou uma postura oposta ao afirmar que não irá misturar política com religião.

“Não vou misturar religião com política. Cada um segue a fé que quiser. O governante não tem que se meter nisso, nem ficar usando padre ou pastor. O governante tem que deixar as pessoas cuidarem da sua fé com paz e respeito, sem usar o nome de Deus em vão”, escreveu Lula da Silva na rede social Twitter.

Bolsonaro também admitiu em seu discurso na convenção das Assembleias de Deus do Ministério Madureira que o Brasil “tem muitos problemas”, mas rejeitou assumir culpas e atribuiu a responsabilidade sobre a inflação, que supera 12% ao ano, e o alto índice de desemprego, próximo a 13%, aos efeitos da pandemia de covid-19 e a invasão russa na Ucrânia.

O Presidente brasileiro também garantiu que seu Governo trabalha para minimizar esses impactos, mas disse que só pode fazer “o que é possível”, porque “devemos deixar o impossível nas mãos de Deus.”

 

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