• 9 de Abril, 2025

Caso presos políticos: “Gildo das Ruas” em greve de fome

 Caso presos políticos: “Gildo das Ruas” em greve de fome

O ativista cívico angolano, Hermenegildo André, conhecido por “Gildo das Ruas” começou, no último sábado (28.10), uma greve de fome por tempo indeterminado.
A informação foi prestada à Afonte por José Gonga, pai do condenado.
Segundo Gonga, tomou conhecimento do caso quando se deslocou ao Hospital Prisão de S. Paulo para levar habitual alimentação ao filho.
“Ele decidiu tomar esta medida porque a comida não vai diretamente nas mãos dele. Tem que ser um colega da cadeia levar até a ele. Não gostou e decidiu fazer grave”, disse.

A contas com tuberculose

Recentemente, “Gildo das Ruas” foi transferido da Comarca Central de Luanda (CCL) para Cadeia Prisão de São Paulo depois de ter sido diagnosticado com tuberculose.
O pai do ativista disse que, neste momento, Hermenegildo André recebe tratamento médico, mas está preocupado com a sua situação alimentar: “Com esta greve, as coisas ficam mais complicadas. Se ele está a tomar medicamentos e não comer a saúde dele fica como”, questionou.
José Gonga lamentou ainda o facto de o seu filho alimentar-se muito tarde mesmo depois de tomar uma bateria de medicamentos. “Eu cheguei lá as 13H00 e ele ainda não tinha comido”.

“Tanaece Neutro” na cela solitária

Quem também está com problemas na prisão onde se encontra é Gilson Moreira, conhecido por “Tanaece Neutro”.

Repressão a manifestantes em Luanda (AFP)

“A última vez que visitamos à cadeia, ele estava numa cela solitária”, disse a este portal uma fonte da defesa.
Segundo ainda a DW África que cita Simão Cativa, amigo do ativista, “Tanaece” já está na cela solitária, há um mês.
Afonte tentou contactar os Serviços Prisionais, mas sem sucesso.

“Presos Políticos”?

A 09 de Setembro deste ano, quatro activistas foram condenados, a dois anos e cinco meses de prisão efetiva, por ultraje ao Presidente da República, João Lourenço.
Hermenegildo André “Gildo das Ruas”, Gilson Moreira “Tanaece Neutro”, Adolfo Campos e Daniel Frederico “Pensador” foram detidos quando tentavam realizar uma manifestação à favor dos mototaxistas.
Em Setembro, o Governo da Província de Luanda proibiu a circulação de mototáxis no centro da capital angolana.
“Ele quando estava nos Estados Unidos e depois de regressar, devia dialogar com os seus filhos e não lhes meter na cadeia”, disse José Gonga, em declarações à Afonte.
“O Estado está mesmo só a criar heróis. Eles são presos políticos”, concluiu.
Está em curso, fundamentalmente nas redes sociais, uma campanha denominada “Liberdade, Já!”.
Em cartazes com os rostos dos quatro ativistas, pode igualmente ler-se “manifestação não é crime. Art. 47 da Constituição da República de Angola”.

Artigos relacionados