A semana e meia das eleições gerais marcadas para 24 de Agosto, os cidadãos de Luanda elogiam a propaganda eleitoral, entre bandeiras e cartazes, que enfeitam as principais ruas e avenidas da capital angolana, mas temem os “focos de intolerância” que se notam no “ambiente de festa”.
As bandeiras e cartazes das oito forças políticas concorrentes, maioritariamente afixadas em postes de iluminação pública, não passam despercebidas a quem circula pela capital do país.
Nas avenidas mais movimentadas de Luanda, como a Deolinda Rodrigues, Ho-Chi-Minh, Ngola Kiluanje, e nos largos da Mutamba e 1.º de Maio, há postes de iluminação disputados por quatro bandeiras de adversários políticos.
Imagens dos candidatos à Presidência da República são também visíveis em toda a cidade, variando entre cartazes médios e pequenos e outros em enormes “outdoors”.
Para Diogo Rosa, 52 anos, que vai votar pela quinta vez, o ambiente de propaganda eleitoral é típico da época que o país vive, com “cada partido a fazer a sua publicidade”.
“E agora que ganhe o melhor, o ambiente (eleitoral) vai bem, está a correr bem, todo mundo está pronto a eleger o novo Presidente e que ganhe o melhor”, afirmou à Lusa.
A enfermeira Noémia Carneiro, 23 anos, classifica o período de campanha eleitoral como “uma festa para melhorar o país” e elogia a “dinâmica” dos concorrentes na caça ao voto.
“Estou a gostar da dinâmica dos partidos a motivarem o povo para o voto, apesar de não ter muita simpatia pela política. Espero apenas que vença o melhor, quando tem uma eleição muda sempre alguma coisa no país”, considerou.
As bandeiras hasteadas pelas avenidas em Luanda simbolizam “preparação para a grande festa democrática, porque é já no dia 24 de agosto que será eleito o Presidente, o vice-Presidente e os deputados”, disse à Lusa o professor Euclides José Monteiro.
O professor que passava num dos mercados à berma da estrada no interior do bairro Cassequel, distrito urbano da Maianga, em Luanda, reprovou também os atos de “intolerância entre militantes de partidos opostos”, que diz já ter constatado, sobretudo na colocação de bandeiras.
“Há um problema que está a ser conjuntural, que resulta da intolerância política e há vários relatos em quase todos os cantos de Luanda, de um grupo para outro a arrancarem bandeiras, uns a proibirem os outros de fazer a propaganda”, relatou.
O teor da mensagem partilhada pelos concorrentes também foi enaltecido pelo professor de 32 anos, observando, no entanto, que alguns partidos ainda exteriorizam mensagens que incitam a intolerância.
“Há uma boa mensagem, embora em algumas mensagens, de alguns líderes políticos, ainda haja manifesta intolerância. Tem um fundo histórico de situações que o país já viveu e não é bom neste ano, nessa quinta festa democrática do país”, atirou.
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS) e a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) são os concorrentes .
Na corrida eleitoral estão também a Aliança Patriótica Nacional (APN), o Partido Humanista de Angola (PHA) e o Partido Nacional para a Justiça em Angola (P-Njango), os dois últimos aprovados este ano pelo Tribunal Constitucional.
A campanha eleitoral, que se iniciou em 24 de julho, decorre até 22 de Agosto.
O Presidente será o cabeça de lista do partido mais votado pelo círculo nacional. O actual chefe de Estado tenta o seu segundo mandato.