O Presidente do Togo foi indicado novo mediador da União Africana no conflito na RDC. Ideia gerou optimismo, mas para analista, Faure Gnassingbé terá o desafio adicional de superar os benefícios oferecidos pelo Qatar.
João Lourenço, presidente da União Africana, propôs o Chefe de Estado do Togo como seu sucessor na mediação da UA para o conflito entre o M23 e as forças governamentais da República Democrática do Congo (RDC).
Os chefes de Estado e Governo dos 55 Estados-membros da UA terão de dar ainda o seu aval. Mas Faure Gnassingbé já aceitou o desafio.
José Gama, jornalista angolano descreveu-o como uma “figura neutra e discreta que pode facilitar o diálogo entre as partes”.
“Mas ao mesmo tempo, há o desafio pelo facto de se estar diante de um conflito complexo, profundamente enraizados e com múltiplos interesses regionais e internacionais”, acrescenta.
João André, especialista em relações internacionais, espera que o Togo consiga usar todos os meios de resolução de conflito disponíveis para que se encontre a paz definitiva na RDC.
“Vontade política, capacidade negocial ou diplomática para que, de facto, se consiga aproximar as partes, criar uma cultura de paz, poder trazer uma paz duradoura que é, no final do dia, esse o objetivo”, afirma.
E para se alcançar esse objetivo vários esforços nacionais e internacionais têm sido levados a cabo.
É o caso do encontro entre o Presidente do Ruanda, Paul Kagame e o seu homólogo da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, em Doha, no Qatar.
“Inoperância da União Africana”
Mas será que não há soluções africanas para os problemas africanos?
Para João André, “há uma certa letargia, há uma certa inoperância da parte da União Africana, da parte dos líderes da União Africana em resolverem os problemas do continente”.
Já José Gama entende que quando se quer a paz, qualquer país pode alcançá-la por meio de negociações e aponta como exemplos Angola, que procurou negociar a sua paz em Portugal, e Moçambique, que o fez em Itália.
“Mas isso não anula o papel de África e das instituições africanas. Até porque essa mediação começou com as instituições africanas, produziu um documento muito importante, que é o roteiro de Luanda, e qualquer negociação terá como base o roteiro de Luanda“, recorda.
Contudo, Gama sublinha que alguns países africanos vêm mais vantagens em negociar a paz fora do continente.
No caso do Qatar, o jornalista revela que, além da mediação, o país também apresenta um programa de ajuda de reconstrução do Estado em conflito.
“Quem tem Doha como mediador sai também sempre a ganhar em relação à mediação africana,” conclui.
DW