As malas com milhões de Dolares, Euros e Kwanzas, apreendidas na residência do major Pedro Lussaty, “não pertencem” à Casa de Segurança do Presidente da República, revelou esta segunda-feira (26.09), o antigo chefe dos oficiais da guarda Presidencial que estão a ser julgados no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.
O tenente general Luís Simão Ernesto ouvido hoje como testemunha no processo que envolve vários oficiais da Casa de Segurança da Presidência, revelou que Pedro Lussaty nunca foi financeiro da banda musical e não processava salários do militares como diz a acusação.
“Não é possível que alguém diga que aquele dinheiro é da Casa de Segurança. Não é possível porque, onde é que a Casa de Segurança foi buscar aquele dinheiro”, foram com estas palavras que a testemunha respondeu às questões da equipa de defesa do major Pedro Lussaty.
O tenente general que exerceu as funções de secretário-geral e chefe da secretária da Casa de Segurança do Presidente da República explicou que, para aquele dinheiro existir, “é preciso que a Casa de Segurança tenha o contra-valor.
A Casa de Segurança primeiro tem que ter os Kwanzas para puder ir ao banco, depositar este dinheiro no banco em kwanza, e só depois que qualquer instituição bancária daria este dinheiro”.
A testemunha arrolada pela defesa de Lussaty esclareceu também que, para a Casa Militar ter os Kwanzas, teria feito no princípio do ano, uma “solicitação especial, excepcional” de dinheiro para poder se fazer a cabimentação.
” Se for da Casa Militar, da mesma forma que estamos neste tribunal, vão aparecer as ordens de saquê, se apareceram as ordens de saquê de 2009, a ordem de saquê de 2021 vai aparecer para justificar o levantamento desse dinheiro. Essa ordem de saquê tem que aparecer. Por isso, do meu ponto de vista, esse dinheiro não pertence à Casa Militar “.
O tenente general diz que somente o réu, major Pedro Lussaty, deve explicar onde tirou os referidos valores.
“O Estado deve dizer onde é que saiu os kwanzas que foram levantados da série 2021, tem que nos dizer de onde é que saíram os dólares e os euros. Do meu ponto de vista, Dr. Muteka, aquele dinheiro não é da Casa Militar. Têm de perguntar devidamente ao major Lussaty, qual foi o negócio que fez para ter aquele dinheiro “.
O tenente general Luís Simão Ernesto apresentou versão de factos ocorridos entre 2008 a 2017, sob exigência da defesa de Pedro Lussaty.
Em declarações à imprensa, o advogado do réu principal do caso, Francisco Muteka disse que a testemunha prestou informações verdadeiras.
A defesa diz que não será surpresa se o seu constituinte for absolvido da acusação.
“Não é o major Pedro Lussaty que elaborava a folha de salários , eram os comandantes que tinham esta responsabilidade e apenas ia para a Casa de Segurança como ficou bem claro, o major Pedro Lussaty apenas inseria dados e imprimia aquilo que vinha das unidades e nada mais do que isto”.
O advogado Francisco Muteka reitera que acusação do processo está cheia de inverdade, pois, ficou esclarecido que Lussaty nunca exerceu as funções de financeiro da banda musical da Presidência da República.
“É uma informação falsa da acusação e é uma informação falsa que paira ao nível das redes sociais e de muitos órgãos de comunicação social”, disse o
advogado à imprensa alegando que acusação está “eivada de especulações ilusória , está eivada de vícios graves, quer do ponto de vista da substância da prova, quer do ponto de vista do procedimento”.
Caso tem 49 arguidos
O caso Lussati, onde estão arrolados 49 arguidos, tem como rosto visível o major Pedro Lussati, afeto à Casa Militar da Presidência da República, tido como cabecilha do grupo, detido na posse de milhões de dólares, euros e kwanzas guardados em malas, caixotes e em várias viaturas.
O ex-comandante da BTR da UGP/Cuando-Cubango, coronel Manuel Correia, disse em tribunal, em 2 de setembro, que “entregou várias vezes” ao major Pedro Lussati “malas de dinheiro” com cerca de 25 milhões de kwanzas (57 mil euros).
Segundo Manuel Correia, um dos 49 arguidos do caso Lussati, o montante, remanescente dos salários dos efetivos da UGP, naquela província, era entregue igualmente, em Luanda, ao coarguido Edmundo Tchitangufina de forma alternada.
Pedro Lussati e Tchitangufina, réu prófugo, explicou o coronel, recebiam os valores “mensalmente por orientação oficial do general Hélder Vieira Dias ‘Kopelipa'”, ex-ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano, então José Eduardo dos Santo