Os funcionários do Hospital Pediátrico David Bernardino denunciam coação por parte da direcção que os obriga a comparecer no local do trabalho em tempo de greve.
Neste segundo dia da paralisação iniciada na quarta-feira, 20 de Março, são muitos os trabalhadores que estão a dirigir-se à unidade hospitalar com medo de terem desconto salarial.
“A direcção dos Recursos Humanos disse que quem não comparecer vai ter falta. Se os colegas do RH estão a trabalhar, quem somos nós para faltarmos”, disse um funcionário que preferiu o anonimato.
Para além dos trabalhadores em regime de turno, a direcção do hospital que todos trabalhem como se fosse um dia normal, denunciam os técnicos de saúde e funcionários administrativos do Pediátrico de Luanda.
Entretanto, as Centrais sindicais denunciam atos de coação e a detenção de três sindicalistas na primeira greve geral desde a independência do país.
Três sindicalistas foram detidos nas províncias do Bengo e Huambo, segundo a denúncia tornada pública pelas centrais sindicais em comunicado de imprensa.
“As centrais sindicais reservam-se ao direito de intentar ações judiciais contra os agentes da polícia nacional e os gestores das unidades hospitalares por violação da lei da greve nos termos do artigo 25 e 26, e apela à libertação incondicional dos sindicalistas […] sob pena de desencadear manifestações públicas a nível nacional”, ameaçou Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, ao ler o comunicado das centrais sindicais.
Os sindicalistas denunciam ainda atos de coação contra delegados da Justiça, supostamente por parte do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, “através de orientação superior distribuída por mensagem via WhatsApp”.