Nos últimos dias, o Movimento de Estudantes Angolanos (MEA) está no centro de debates, sobretudo nas redes sociais. Em causa, um áudio em que o seu Presidente, Francisco Teixeira, promete agredir um dos seus membros que, supostamente exige a realização do congresso da organização. Afonte conversou com o líder associativo sobre este e outros temas do movimento.
Afonte: O que, realmente se passa no MEA?
Francisco Teixeira (FT) – A nossa organização, como qualquer outra, é gerida por homens. Assim, vai existir sempre divergências de opiniões. Mas nós estamos muito bem, os nossos secretários provinciais estão todos a funcionar com normalidade. Então, posso afirmar que gozamos de boa saúde.
“Aquela conversa foi do mês de Novembro do ano passado”
Afonte: Confirma que a voz do áudio que se tornou viral é sua?
FT – Aquela conversa foi do ano passado. É do mês de Novembro. Aconteceu quando queríamos realizar as festividades alusivas ao mês do estudante. Na altura, um grupo de jovens pretendia ir estragar ou fazer confusão dentro do Cine Kilumba. Por isso, houve aquela reação. Enquanto eu for presidente da organização, nunca vou permitir intimidação ou coisa similar, seja de quem for. Se as autoridades que detém o poder, nós nunca admitimos, imagina pessoas singulares. O bom é que eles não foram. Se tivessem ido, de certeza que não poderíamos permitir.
Afonte: Quem é o jovem cuja voz aparece no áudio e está supostamente expulso?
FT – É um membro que entrou na organização com agenda inconfessa. Mas estamos nisso há muito tempo. Conseguimos identificar.
Afonte: Disse, recentemente que o MEA vai realizar o seu congresso em breve. Já há alguma data?
FT – já temos a data da Assembleia Geral – o órgão que tem a responsabilidade de encontrar a data.
Assembleia Geral será na primeira semana de Junho e serão dois dias de reflexão profunda sobre a vida interna da organização. Também vamos procurar encontrar a data oficial para as eleições. E ainda discutirmos o perfil dos candidatos. Na minha visão, jovens sem compromisso familiar seriam a melhor aposta porque os filhos atrapalham muito as lutas.
“Neste momento quero encontrar outros desafios, quero lutas maiores. Hoje chego a ser mais conhecido do que muitos políticos em Angola”
Afonte: O presidente do MEA, Francisco Teixeira vai concorrer a sua própria sucessão?
FT – Posso aqui afirmar que não.
Neste momento quero encontrar outros desafios, quero lutas maiores. Hoje chego a ser mais conhecido do que muitos políticos em Angola. Então, acho que, para as lutas que temos no país, o MEA ficou muito pequeno para mim. Aqui nas lutas estudantis, penso que já dei o meu contributo.
Afonte: O que dizem os estatutos sobre os candidatos?
FT – Neste quesito, será um dos grandes momentos de debate. A Assembleia Geral deve encontrar os perfis ideais para este contexto. Aqui teremos de articular com bastante atenção e cuidado.
“Os serviços de inteligência, os jovens do partido-estado, sempre encontraram pessoas com carência financeira para tentar criar instabilidade na organização”
Afonte: Acha que há “mão invisível” nos problemas que o MEA está a viver?
FT – Sempre ouve “mão invisível”. Somos um grupo de pressão. Os serviços de inteligência, os jovens do partido-estado, algumas instituições que, nós, o MEA, lutamos contra, sempre encontraram pessoas com carência financeira para tentar criar instabilidade na organização.
Mas nós saímos sempre vencedores. Por isso, temos 23 anos de existência. Já passaram aqui mais de dois presidentes. O MEA é uma herança dos estudantes. Ele vai continuar a existir nesta luta por muito tempo ainda.
Afonte: Fala-se em desvio de bens da organização por parte do seu presidente…
FT – (Risos) Na organização ninguém paga quotas. As t-shirts que se usam em quase todas as províncias saem daqui de Luanda. São dos nossos esforços. Existem pessoas que entram na organização para tentar compreender como nós conseguimos sobreviver mesmo sendo um grupo de pressão.
O MEA tem mesa de Assembleia Geral, existe a comissão de fiscalização que também é eleita nas eleições, onde o presidente não tem qualquer influência. Estes normalmente é que devem me fiscalizar.
Mas é tudo mentira. Não basta acusar ,deves trazer provas concretas. Falar todos falam, agora provar… Eles perdem rede!