O ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Marcy Lopes, diz que a situação está sob controlo, apesar das muitas queixas sobre o processo – por exemplo, em relação à morosidade no atendimento, noticiou a DW África.
31 de março é a data em que termina o processo do registo eleitoral oficioso para os angolanos que residem no país e no estrangeiro. E, nos últimos dias, têm-se multiplicado as enchentes nos Balcões Únicos de Atendimento Público (BUAP).
Muitos acordam de madrugada para ir para a fila nos postos de registo. Uma das queixas contantes dos cidadãos é a localização dos BUAPs.
“Algumas comunidades estão longe dos BUAPs”, explica o secretário das autoridades tradicionais de Luanda, o soba João Adão.
“Os BUAPs estão apenas nas sedes comunais, distritais e municipais, e as nossas populações não vivem ao redor das sedes das administrações. Vivem para além dessas sedes. Então, muitas delas encontram dificuldades de transportes para se deslocarem aos postos.”
De acordo com o soba, outra das grandes preocupações é a morosidade no atendimento. Há eleitores que passam quase o dia todo num BUAP. “Outra reclamação das nossas populações tem a ver com a falta de sistema quando chegam aos BUAPs”, afirma.
Prolongamento seria um empecilho?
Já o titular do Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado (MAT) culpa os cidadãos por deixarem tudo para a última hora. Em traços gerais, Marcy Lopes diz que não há quaisquer irregularidades no processo, e os poucos constrangimentos estarão a ser resolvidos.
“Isto está acontecer um pouco por todo o lado. Vivemos um momento de pandemia, às vezes temos operadores dos balcões que estão infetados e têm de ser substituídos. Obbviamente que isso vai gerar um atraso no atendimento”, justifica.
Lopes acrescenta que, por enquanto, está fora de questão prolongar o registo eleitoral, como tem sido pedido por vários setores. “Se começarmos a dizer que o prazo vai ser estendido, as pessoas deixam de ir ao balcão. O prazo é até ao dia 31 de março”, refere.
Segundo o governante, a partir desta semana, os balcões começam a funcionar também aos domingos.
“Equipas de avanço nas igrejas”
Os líderes religiosos oferecem-se para ajudar. Porque não levar os BUAPs às igrejas?, pergunta Victor Segunda, líder espiritual da Igreja Eterna Santificada Unida de Angola (IESUA).
“Se fosse possível, para além do alargamento do período, os BUAPs poderiam ter equipas de avanço nas igrejas. Isso iria facilitar não só os fiéis, mas também as próprias comunidades”. O número de registos poderia aumentar exponencialmente, defende.
Quanto ao registo eleitoral no estrangeiro, o ministro da Administração do Território e Reforma do Estado informa que o processo está a “correr bem”. Marcy Lopes reitera que o registo é feito somente nas missões diplomáticas angolanas.
“Não estamos a colocar postos destacados nos países estrangeiros, só nas missões diplomáticas e consulares. Se estas missões diplomáticas e consulares estão destacadas nas capitais dos países, é aí onde os cidadãos deverão ir para fazer a atualização do seu registo”, explicou o ministro.