O professor universitário do curso de relações internacionais, Osvaldo Mboco, lança na próxima semana, em Luanda, o seu livro intitulado “Os Desafios de África no Século XXI”.
Em entrevista a afonte, Mboco fala sobre a obra, sobre os desafios do continente e analisa os discursos dos líderes africanos na ONU.
Siga a entrevista:
afonte — No próximo dia 1 de Outubro, Osvaldo Mboco lança o seu livro intitulado “Os Desafios de África no Século XXI”. Resumidamente, o que se vai ler nesta obra?
Osvaldo Mboco (OM) – O livro propõe-se a apresentar alguns dos desafios de África enquanto continente cujo impacto na arena internacional é exíguo, quer na dimensão política, quer na dimensão econômica. A pesquisa busca identificar os factores endógenos e exógenos que enfermam o continente africano e estudar as políticas a serem engendradas pelos africanos que visem à melhoria e o crescimento, bem como o desenvolvimento do continente. O continente africano apresenta vários desafios desde a estabilidade política, económica, social e a segurança. Muitos destes problemas não foram solucionados mesmo com alcance das independências dos Estados no Século XX. Além de analisar “Os Desafios de África no Século XXI, um Continente que Procura se Reencontrar”, como reza o título, esta obra identifica os desafios políticos do século XX que não foram ultrapassados, estuda os desafios econômicos e sociais como indicadores de subdesenvolvimento, e explica os novos desafios do continente africano no século XXI.
afonte – E, que desafios, precisamente o continente africano enfrenta?
OM – Os desafios de África são vários, mas o primário e o urgente é a secutirização do continente, só com a estabilidade política será possível a projecção de outros projectos estruturantes no continente.
afonte – Acha que o seu livro poderá despertar mais reflexões a intelectualidade africana sobre os problemas do continente?
OM – Acredito que sim. É uma obra actual e contextualizada aos desafios do continente africano.
afonte – Acha que problemas como a fome, a imigração, golpes de Estado, ditaduras, violação de direitos humanos por parte de alguns governos africanos, ainda levarão algum tempo para conhecerem o seu fim?
OM – Os factores que acabou de elencar todos eles foram desenvolvidos no livro, é uma tarefa difícil, mas não impossível, basta que os lideres africanos tenham vontade política em transformarem o continente num lugar melhor para se viver.
afonte – Como professor do curso de relações internacionais na Universidade Técnica de Angola (UTANGA), como olha para o papel da União Africana (UA) e outras organizações regiões, na resolução dos conflitos que assolam o continente?
OM – É outro assunto que também foi desenvolvido no livro. É incipiente a sua actuação, mas devido a vários factores que não depende só da União Africana, mas sim da participação dos Estados.
afonte – Estuddos indicam que 77% da população africana é jovem. Acha que tem faltado políticas públicas por parte dos Estados direcionadas a esta importante comada social?
OM – É outro assunto que foi abordado na obra. A questão do empoderamento da Juventude tem estado a dominar a Agenda da União Africana, mas o discurso não sai do papel para prática, lamentavelmente.
afonte – Decorreu em Nova York, Estados Unidos da América, a Assembleia Geral das Nações Unidas, onde chefes de Estados e de governos discursam. Olhando para os líderes africanos, acha que os seus discursos refletem a realidade africana?
OM – Normalmente os discursos resultam da análise feita do contexto que são proferidos e os lideres africanos aproveitam a maior tribuna mundial para exporem as suas ideias sobre os assuntos de interesse internacional e pressionar que os países mais fortes tomem determinadas posições.
afonte – Como especialista em questões internacionais, acha que já é tempo de se reformar o Conselho de Segurança da ONU para que também África, tenha membros permanentes neste órgão?
OM – O formato da ONU, em particular do Conselho de Segurança, nasce num contexto pós – segunda guerra mundial, que na qual surgiu uma nova ordem mundial. Dificilmente os P5 deixarão que um outro país senta-se na mesma mesa para repartir o poder se não surgir uma alteração na ordem mundial que obrigue com que os Estados alterem ou alarguem os membros do Conselho de Segurança. É altura, sim, de ter um representante africano, assim como da América latina e Europa do leste. Mas temos de questionar: Qual será o critério de escolha deste representante ?
afonte – Como acha que as grandes potências olham para Africa?
OM – Como um mercado para pilhagem de matéria-prima.
afonte – Que África teremos até 2063?
OM – A África que teremos dependerá das opções que os africanos fizerem agora. África será aquilo que o seu povo quiser ser.