Ex-Presidente de Moçambique Armando Guebuza foi ao Tribunal prestar declarações sobre as dívidas ocultas. Assumiu todas as responsabilidades sobre a criação da Ematum e MAM e da ZEE, empresas envolvidas na dívidas.
O antigo presidente de Moçambique, Armando Guebuza, na qualidade de comandante-chefe, assumiu esta quinta-feira (18.02) em Tribunal todas as responsabilidades sobre a criação da EMATUM e MAM e mesmo da Zona Económica Exclusiva (ZEE).
“Sou chefe. Assumo todas as responsabilidades. Dirigi uma reunião que produziu […] Sim, assumo. Assumo essa responsabilidade e de ter criado a Zona Económica Exclusiva. Eu era o Presidente do país, eu queria defender todo o país e si também”, justificou.
A procuradora Ana Sheila Marrengula questionou ao antigo chefe de Estado se o Comando Conjunto discutiu apenas a criação da Proindidcus ou se este órgão em algum momento discutiu e decidiu a criação das empresas Ematum e MAM: “O declarante lembra de ter havido reuniões dirigidas por vossa excelência em que tenham sido tomadas decisões para a criação das empresas Ematum SA, MAM SA?”
Responsabilidades incumbidas
Para efeito das negociações para financiamento Guebuza respondeu que todas as responsabilidades foram incumbidas aos chefes que faziam parte do Comando Conjunto.
“Eu fiz um despacho não me lembro em que termos foi feito em que delegava os poderes de negociação aos chefes… O ministro da Defesa, o ministro do Interior e diretor-geral do SISE (Serviços de Informção e Segurança do Estado)”, esclareceu.
O antigo presidente Armando Guebuza confirmou que conhece Jean Boustani e Iskandar Safa negociador e gestor da Privinvest, respetivamente, empresa acusada de subornos na contratação das dívidas ocultas.
“Pode explicar o alcance dos contatos que manteve com esses enhores para o sucesso do projeto?”, questionou o Ministério Público (MP)
Ao que Guebuza respondeu: “Também não tinham estado nunca no meu gabinete como Presidente da República. Eu não conheço o alcance porque eu contatei as pessoas para encorajá-las a trabalhar. E o resto que aconteceu não fui eu que fiz, talvez tenham sido essas pessoas”.
A procuradora questionou igualmente sobre onde o Governo moçambicano iria buscar o valor do projeto tendo em conta a magnitude do empreendimento e da situação económica do país.
Manuel Chang deve responder
Sobre as garantias de 500 milhões de dólares a favor da MAM, Armando Geubuza nega ter autorizado ao ministro das Finanças Manuel Chang, que aguarda extradição na África do Sul, e remeteu a resposta ao próprio.
“Eu penso que quem deveria responder isso é o proprio ministro que não está aqui, refere-se ao Manuel Chang? Seria ele a responder e não eu. Com base naquilo que ele escreveu que nem menciona o meu nome. Não tenho conhecimento”, disse.
A audição do antigo Presidente da República de Moçambique prossegue nesta sexta-feira (18.02), dia em que deverá encerrar o capítulo dos declarantes.