O anúncio foi feito esta sexta-feira (08.10), depois de o Tribunal Constitucional ter declarado nulo o último congresso do maior partido da oposição em Angola que elegeu Adalberto Costa Júnior.
Isaías Samakuva, que liderou a UNITA entre 2003 e 2019, vai assumir novamente a presidência do maior partido da oposição em Angola até à realização do próximo congresso. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira (08.10), em conferência de imprensa, em Luanda, num comunicado lido pelo porta-voz do partido, Marchal Dachala.
A decisão é anunciada um dia depois de o Tribunal Constitucional ter declarado a nulidade do XIII Congresso da UNITA, realizado em novembro de 2019, em que Adalberto Costa Júnior venceu a disputa para a liderança.
Samakuva reagiu considerando o acórdão do Tribunal Constitucional uma “ameaça séria à integridade, unidade e coesão da UNITA”. E fez um apelo à calma: “Nós, membros da UNITA, devemos manter a serenidade e a tranquilidade para preservarmos a unidade. Dirigentes e não dirigentes, todos devemos, neste momento delicado, promover a unidade no seio do partido”, disse.
A data do XIII congresso será fixada na segunda quinzena de outubro, na reunião do Comité Permanente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), segundo Dachala.
UNITA mantém que congresso foi legal
O presidente destituído, Adalberto Costa Júnior, negou que o partido tenha violado a Constituição ou a lei no congresso que o elegeu. “Porque [o congresso] foi convocado por quem tinha legitimidade de o fazer, o então presidente Isaías Samakuva. Foi ouvida a comissão política tal como rezam os estatutos do partido”, salientou, acrescentando que o congresso obedeceu aos estatutos do partido.
“Não faltou o quórum estabelecido pelo XIII congresso, as decisões todas foram tomadas por maioria, como orientam os princípios de funcionamento da UNITA”, disse.
O acórdão foi publicado pelo TC um dia depois da proclamação da Frente Patriótica Unida (FPU), um projeto político da oposição que integra UNITA, PRA-JA e Bloco Democrático. As reações multiplicam-se.
Futuro da FPU em causa
Organizações políticas e sociais como a JURA, projeto Agir, Terceira Divisão e outros, convocaram uma onda de manifestações a partir do dia 16 deste mês.
José Gomes Hata, membro da Terceira Divisão, disse à DW África: “Existem métodos de revolução. E o primeiro método de revolução é existir líderes dispostos a dar a vida em nome do povo e da causa. Da mesma forma que existem líderes que devem fazer sacrifícios em nome do povo e da causa, o povo deve estar disposto a dar a vida em nome dos líderes e da causa”.
A decisão do TC coloca em causa também o futuro da FPU. O jornalista angolano Manuel José não se mostra otimista. “Se quisermos ser realistas, eu não acredito na Frente. A minha descrença não é com base nos integrantes da Frente, mas Mas pela máquina estabelecida”, disse o jornalista à DW África.
DW