• 1 de Dezembro, 2024

FPU diz que MPLA está “sem chances” de ter vitória absoluta

 FPU diz que MPLA está “sem chances” de ter vitória absoluta

Líderes da Frente Patriótica Unida (FPU) consideram “utopia” discurso do MPLA de que a oposição terá uma “derrota estrondosa” nas eleições gerais previstas para agosto em Angola. “O povo está o mostrar o que vai fazer”.

A Frente Patriótica Unida (FPU) – plataforma política liderada pela UNITA, Bloco Democrático e o PRA-JA Servir Angola – realizou este sábado (30.04), passeatas em Talatona e Cacuaco, dois municípios de Luanda, onde os eleitores foram mobilizados para o voto.

O acto aconteceu no mesmo dia em que o partido no poder, MPLA, também realizou um ato político de massa na capital angolana e em outras regiões do país.

A força política que governa o país há 46 anos tem estado a propalar que a oposição sairá humilhada no próximo pleito eleitoral, apesar do alto índice da contestação da oposição.

Mas o presidente da UNITA e coordenador da FPU, Adalberto Costa Júnior, diz que o MPLA não tem hipóteses de sair com a maioria absoluta nas eleições deste ano.

“Estas declarações mostram o quão não democráticos são quem os fazem. Nem sequer estamos em campanha, mas já se está a anunciar o que estão a montar. Mas o povo está o mostrar aquilo que vai fazer. ‘Oitenta por cento’ que estamos ouvir, humilhação do adversário, isso é para quem não tem cultura democrática. Não é possível. O angolano sabe que não é possível e vamos provar que não é possível”, garante.

MPLA “com medo” do resultado

Respondendo à “provocação” do líder do MPLA, João Lourenço, – que em Cabinda disse que a oposição terá de treinar muito para “marcar golos nas eleições” -, Adalberto Costa Júnior diz que a oposição que lidera já dá “goleada” há muito tempo.

Adalberto Costa Júnior acusa ainda o MPLA de estar com medo do resultado real dos votos dos angolanos e dá como o exemplo a proposta de Lei de Sondagens e Inquérito de Opinião, que proíbe inquéritos durante a campanha eleitoral e durante a votação.

“Veja o pânico, o uso dos tribunais e a necessidade de estragar o jogo. A pouca-vergonha que faz adormecer o cidadão, dos conteúdos daquilo que é público, que se emite todos os dias e há muitos anos. Quando se recorre a estes níveis de tratamento igual, está tudo dito. Vejam as sondagens. Vejam o que é que a Assembleia Nacional está a preparar. Proibir sondagens. Porquê? Porque todas aquelas que são à boca do povo estão a determinar quem vai à frente. Portanto, estamos tranquilos e vamos fazer o nosso trabalho”, sublinha.

“O cidadão sabe o que quer”

O político Abel Chivukuvuku, do projeto PRA-JA Servir Angola e coordenador adjunto da FPU, diz que a liderança da plataforma política vai continuar a contactar os eleitores para ouvir as suas expectativas e transmitir mensagens de esperança.

“Não transmitimos mensagem de vitória. Transmitimos mensagem de fé e esperança. O cidadão sabe o que quer. Aqueles que pensam que a vida deles está boa, então votem na situação. Quem pensa que precisa de mudança porque a vida vai mal, vota na Frente Patriótica Unida”, disse Abel Chivukuvuku.

“o povo sabe o que quer” ,diz Abel Chivukuvuku.

A passeata da plataforma política que junta três organizações da oposição não teve a cobertura da Televisão Pública de Angola (TPA), órgão de comunicação social que tem sido acusada de censurar a UNITA e o seu líder.

O presidente do galo negro reitera diálogo com as instituições do Estado angolano para que o processo eleitoral decorra no clima de tranquilidade e de paz.

“Vamos fazer tudo para que assim seja até às eleições. E vamos ajudar o MPLA a melhorar o ambiente democrático, porque nunca como hoje, abordámos eleições completamente à margem de tratamento igual. Mesmo assim, vamos manter o diálogo permanente, vamos educar permanentemente e vamos provar que as imagens artificiais ficam muito aquém das multidões que nos vão acompanhar”, garantiu Costa Júnior.

“Discurso de desespero”

Por sua vez, o vice-presidente do Bloco Democrático, partido que integra a FPU, Justino Pinto de Andrade afirma que o partido no poder está “desesperado”, por isso faz discursos antecipados de vitória.

“O discurso do presidente João Lourenço, presidente do MPLA, é um discurso de desespero. Ele sabe muito bem que cometeu uma série de erros e que vai ser castigado por causa disso. Por isso, fez este discurso de grande otimismo, mas que esconde na realidade um grande medo”.

“Alternância” foi a palavra de ordem na passeata que decorreu este sábado nos municípios do Talatona e de Cacuaco, que contou com presença massiva de populares, entre os quais, vendedoras ambulantes.

Maria João, que vende água mineral e refrigerante, diz estar cansada de enfrentar dificuldades para o sustento da família, por isso apoia a alternância política em Angola.

“Todos os dias os fiscais levam o nosso negócio. Assim vamos comer onde? Este ano o MPLA tem que sair”, apelou a jovem.

Cerca de 14 milhões de eleitores estão aptos para participarem nas eleições no próximo mês de agosto, segundo dados do Ministério da Administração do Território e Reforma que organizou o Registo Eleitoral Oficioso. As eleições vão ser convocadas em maio pelo Presidente da República de Angola, João Lourenço.

Texto:DW

 

 

 

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