Mais de 70 % dos eleitores acredita que haverá uma alternância política, através da via democrática em Angola, nas próximas eleições. As conclusões constam do mais recente estudo da empresa angolana de sondagens Angobarómetro.
A pesquisa foi realizada no período de 29 de Janeiro a 7 de Fevereiro de 2022 e contou com a participação de 4.189 pessoas. O estudo apurou que 70,69% dos 4.189 participantes acreditam numa “mudança política” nas próximas eleições de Agosto, contra os 20% quê se mostra pessimista, enquanto os indecisos atingem os 9,31%. “Comparando com os resultados obtidos nos últimos inquéritos realizados em Agosto e Dezembro de 2021, registou-se a mesma tendência flutuante na medida em que os valores obtidos na actual sondagem aproximam-se dos resultados apurados em Agosto de 2021 (73,04%), após ter registado uma significativa redução na ordem dos 23% em Novembro do ano passado”, lê-se no relatório.
No mesmo estudo, foi possível apurar que embora os inquiridos acreditem numa alternância, pela via democrática, 63,88% dos “receia” que as eleições não venham a ser “livres, justas e transparentes”.
Apenas 15,97% tem uma opinião “positiva” e 20,15 ainda está indecisa. “O facto de a maioria dos eleitores ter percepção negativa sobre o desfecho das próximas eleições, demonstra a falta de confiança nos órgãos de apoio às eleições, pondo em causa a legitimidade que poderá, por conseguinte, enfraquecer ainda mais as instituições do país”, conclui o relatório.
Líder da UNITA continua a ser preferido
O presidente da UNITA continua a ser o líder que capta mais simpatias junto dos inquiridos para a condução do país. Adalberto Costa Júnior recebe 56,07% das intenções de voto. Esta classificação significa quase 30 pontos percentuais a mais, face ao segundo classificado, o actual Presidente da República, João Lourenço, que obtém apenas 26, 63%.
Abel Chivukuvuku, antigo líder da coligação CASA-CE, é o terceiro classificado, mesmo não tendo ainda uma formação partidária. O ex-dirigente da Unita consegue 9,35% dos votos expressos. Benedito Daniel, do PRS, fica na quarta posição com 3,10%, Filomeno Vieira Lopes, presidente do Bloco Democrático, recebe 2,93%, Manuel Fernandes, da CASA-CE, 1,17% e Nimi-a-Simbi, da FNLA, é ‘atirado’ para o último lugar com 0,75%.
Derrotas nada facilitada
Caso o MPLA seja derrotado nas eleições, 74% não acredita que o partido aceite os resultados. Estes inquiridos indicam que o MPLA se acomodou no poder e que dificilmente rever- se-ia como partido da oposição. Por outro lado, apenas 15,21% acredita que o MPLA aceitaria o veredicto popular por ter “maturidade” política “suficiente” que lhe permite respeitar as regras do jogo democrático, enquanto, 10,79% declara-se indeciso. Já em relação à UNITA, 40,82% acredita que o partido, em caso de derrota, aceitaria o veredicto popular para garantir a “paz e a estabilidade política”, tendo em conta a sua alegada “maturidade política” que lhe permite respeitar as regras do jogo democrático”.
Já 43,54% pensa de maneira diferente. Estes inquiridos acreditam que o maior partido na oposição sentir-se-á “injustiçado” e “defraudado” pelo sistema eleitoral. 15,64% demonstra-se indeciso sobre o assunto.
“Sede”para votar
O Angobarómetro apurou que a esmagadora maioria dos inquiridos tem ‘sede’ para participar nas próximas eleições. 94,62% quer votar. 2,08% não pensa exercer esse direito, enquanto 3,31% declara-se ainda indeciso. 42,97% já fez a actualização do registo eleitoral. 57,03% ainda não.
Mais de 80% deste número tem vontade de actualizar o registo. Esta pesquisa da empresa Angobarómetro foi realizada, via online, e teve a participação de 4.189 inquiridos.
A maioria dos participantes são do sexo masculino. Além do MPLA, a coligação CASA-CE, que se separou do Bloco Democrático, também viu a sua quota de “confiança reduzida”.
A coligação conseguiu no inquérito apenas 2,29% contra os 6,47% de Fevereiro do ano passado. Já o Bloco Democrático é creditado com 3,46%.
O PRS conseguiu subir um ponto percentual e a FNLA perdeu o,5%. “O MPLA tem sido penalizado pelo desgaste de longa governação por um lado e por outro devido à difícil situação crático. A CASA-CE atingiria 2,29% e a histórica FNLA conseguiria apenas 1,24%. comparando com os resultados de um inquérito similar, realizado em Fevereiro de 2021 pela mesma empresa, é possível verificar que a UNITA continua a ganhar terreno junto do eleitorado e a “beneficiar do voto de protesto”. O maior partido da oposição passou de 50,59%, em Fevereiro de 2021 para os actuais 59,98%, ultrapassando o MPLA em 31 pontos percentuais.
Fonte: Valor Económico