O Tribunal Constitucional angolano deferiu o pedido de credenciamento da Comissão Instaladora do “Movimento para Mudança” (MPM). Afonte conversou com o político Ekundy Chissolukombe, um dos mentores do projecto.
Afonte – Tendo o Tribunal Constitucional deferido o credenciamento da Comissão Instaladora do Movimento Para Mudança (MPM), qual será o próximo passo?
Ekundy Chissolukombe(EC): Primeiro permita -me saudar a todas e todos do meu belo país, encorajando-os a continuar a lutar, porque tudo o que vivemos de menos agradável hoje passa se nos unirmos e nos comprometermos com o país, contribuindo naquilo que cada um pode e de forma patriótica em prol do nosso destino comum. Indo a sua questão, a campanha de recolha de subscrições de aceitação do MPM teve arranque no passado dia 20/11/23, isto quatro dias após ao credenciamento da Comissão Instaladora, nas 18 províncias do país. Esta campanha está subordinada ao Lema: “Legalizar, Crescer, rumo para 2027”.
Afonte – Estão em condições de recolher assinaturas nas 18 províncias do país para constituição deste projecto em partido político? EC: Nós somos um partido de facto e buscamos a nossa inscrição nos marcos da Constituição e da Lei. O âmbito nacional dos partidos políticos é condição sine qua non e nós respeitamos este princípio, pós nos propusemos a cumprir, escrupulosamente a CRA e a lei. Afonte – Qual é fonte das vossas receitas? EC: Qualquer associação de pessoas lúcidas tem nos seus membros o maior recurso. A vitalidade dos membros, o compromisso assumido em prol da pátria, tem feito destes filhos de Angola incansáveis doadores. Para ser mais preciso a nossa fonte de receita são as contribuições dos membros e doações de amigos e anônimos que têm nos encorajados todos os dias.Afonte – Nos últimos tempos, o Tibunal Constitucional não legaliza projectos políticos e o exemplo mais acabado aqui talvez seria o PRA-JA. Tem fé que o Movimento para Mudança será legalizado? EC: Sua afirmação não corresponde com a verdade. Em vésperas das eleições o Tribunal Constitucional inscreveu 2 partidos políticos, nomeadamente o PHA e o P-Njango que, infelizmente com passagem efêmera no cenário político nacional pelo facto de não ter alcançado a cifra mínima admitida por lei no último pleito. Afonte – O que lhe faz crer na legalização? EC: Primeiro saber separar as águas, e compreender que o processo de inscrição de partidos políticos não é um processo político, mas sim jurídico. Isto é fundamental. Para dizer que a fase não é para implementar a nossa agenda política, mas sim, como disse acima o cumprimento escrupuloso da lei. Os nossos actos devem dar respostas cabais as exigências que a lei nos faz. É nesse sentido que estamos a trabalhar, com organização, honestidade e sentido patriótico e de missão. Não basta trazer milhares de subscrições, sem que as mesmas estejam conforme a lei. O primeiro escrutínio deve ser feito por nós mesmos desde a seleção do pessoal que intervém na recolha, esse deve focar-se mais nas exigências legais, é assim que estamos a desenvolver o nosso trabalho. Afonte – Muitos cidadãos atentos associam sempre estes novos projectos políticos ao MPLA. Este é satélite? EC: Caro jornalista, para ser satélite, porque que não militar direitamente no MPLA? Os cidadãos que veiculam esta informação não são atentos, são vítimas das manobras políticas do MPLA e da UNITA que não querem o surgimento de mais forças políticas com robustez. Vão aos poucos definindo a política angolana num bipartidarismo utópico e os demais partidos aceitam ser silenciados todos os dias, pós para estes o importante é o tacho e não o objetivo da sua criação. O MPLA e a UNITA nos ensinaram a olhar para nós como “quem não está connosco esta com eles” vice versa. Não pode ser assim as iniciativas são livres à luz da Constituição da República de Angola. Estamos em democracia e surgimos com agenda própria para o país e seus filhos.
Afonte -Há figuras políticas de proa que estão por detrás deste projecto? EC: Não aceito ser cobaia de ninguém, todos os membros do projecto dão rosto, vindo de todos os segmentos da nossa sociedade, não temos membros secretos e ninguém nos manda fazer absolutamente nada sem ser a nossa razão. Afonte – O que este projecto vai trazer de novo que ainda não existe no mosaico político angolano? EC: Permita fazer aqui menção a um dos aspectos em marcha que não pode ser menosprezado é o ponto de partida da nossa acção que é a consolidação da democraci. Colocaremos também a nossa quota parte nesta grande obra e nos propomos de forma irreversível salvaguardar o multipartidarismo, destruindo positivamente o monopólio do debate político, econômico e social centrado entre o MPLA e a UNITA. Nos apresentamos verdadeiramente como uma força inovadora, que defende a liberdade do cidadão para desenvolvimento do país, um projecto politico que se propõe a estimular as reformas necessárias em todos os domínios da vida para realinhar o país no concurso das Nações, um projecto que vê na realização do homem a razão da sua existência, racionalizando o tempo vital do homem. Isto é, consiga durante tempo de sua peregrinação terrena a sua realização e não uma passagem inglória sem poder ter beneficiado das inúmeras riquezas que o Criador deu a todos nós. Para isto a introdução de métodos novos no processo de educação, formação técnica profissional, para lapidar o diamante bruto que é o homem angolano é, sem sombra de dúvidas, o primordial. Considerar todo o cidadão nacional a priori apto para contribuir para a sua comunidade. Cultivar o espírito de devoção à Deus como ponto de reconhecimento da nossa natureza humana colectiva com mesmas necessidades. Afonte – A ser legalizado que Movimento para Mudança, Angola terá nas eventuais eleições autárquicas e nas gerais previstas para 2027? EC: A legalização decorre da nossa observância escrupulosa da lei e, neste momento, é a palavra de ordem. Logo a legalização é um facto. Teremos nas eleições autárquicas se forem instituídas assim como nas gerais, uma redefinição da política nacional e para os estudiosos da ciência política passarem a catalogar a política nacional antes e depois do MPLA. Angolanas e angolanos é momento de fazermos novas escolhas, quem em 48 anos não conseguiu realizar o país não o fará mais, da mesma forma que quem no mesmo período de tempo não conseguiu alternar o rumo das coisas até aos nossos dias, também não o fará. Precisamos sim reconhecer o papel que estas duas forças desempenharam nas diferentes etapas da nossa história, ao mesmo tempo afirmar, sem dúvida alguma, que as suas diferenças têm contribuído de forma directa na estagnação do país. Jovens angolanos sejamos donos do nosso destino comum. 2027 é ágora.