O medo reina na Rússia após o anúncio de mobilização parcial para reforçar o exército daquele país no conflito com a Ucrânia. Acumulam-se os cidadãos detidos na sequência de protestos contra a medida, anunciada esta quarta-feira pelo presidente russo, Vladimir Putin, naquele que foi o seu primeiro discurso à nação, desde o brotar do conflito.
De acordo com o The Guardian, já ocorreram mais de 200 detenções. Contudo, segundo a organização de defesa dos direitos civis OVD-Info, pelo menos 364 pessoas foram detidas por se manifestar contra a medida, número que poderá crescer, tendo em conta a extensão dos protestos no país, que decorrem em cerca de 23 cidades.
Às 19h45 (hora na Rússia), o mesmo meio indicava que 96 pessoas foram detidas em São Petersburgo, enquanto outras 89 em Moscovo, e 45 em Ecaterimburgo.
Em Irkutsk, na Sibéria, pelo menos 10 dos 60 manifestantes que se reuniram numa praça central foram detidos, segundo o The Moscow Times.
Já na terceira maior cidade da Rússia, Novosibirsk, um vídeo publicado nas redes sociais mostra um manifestante a gritar que não quer “morrer por Putin”. Na verdade, multiplicam-se os retratos das manifestações nas redes sociais, acompanhados de detenções.
“Não quero ser carne para canhão”, confessou um homem com cerca de 30 anos ao The Moscow Times.
Uma mulher, por sua vez, apontou que o seu irmão estava “com medo”, e que tinha completado o serviço militar recentemente. “Estamos a tentar comprar-lhe um bilhete de avião com urgência”, contou.
Recorde-se que o ministério público de Moscovo avisou que a participação em tais manifestações ou a mera difusão das respetivas convocatórias poderá constituir crime, depois de terem sido publicados na Internet os primeiros apelos para protestar contra o envio de militares na reserva em idade de combate para a guerra na Ucrânia.
Segundo o ministério público, a convocação dessas manifestações não foi coordenada com as autoridades pertinentes, que devem autorizar qualquer ação desse tipo, uma vez que a Rússia não permite qualquer concentração contrária às diretrizes do Governo.