Líderes dos países membros da NATO discutem hoje a crise de segurança na Europa à luz da ofensiva militar de Moscovo. Pelo menos 137 ucranianos morreram e 316 ficaram feridos no primeiro dia da invasão russa à Ucrânia.
Pelo menos 137 ucranianos morreram e 316 ficaram feridos no primeiro dia da invasão russa à Ucrânia. O balanço foi feito na madrugrada desta sexta-feira (25.02) pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que decretou entretanto a mobilização geral da população para defender o país.
“O inimigo ataca não só instalações militares, como afirmam, mas também civis. Matam pessoas e transformam cidades pacíficas em alvos militares. Isso é vil e nunca será perdoado”, declarou.
Apesar do avanço das forças russas em território ucraniano por terra, mar e pelo ar, o exército ucraniano conseguiu, esta noite, a sua primeira vitória: recuperar o controlo do aeroporto de Gostomel, localizado às portas da capital Kiev, e que havia sido tomado pelos soldados russos esta quinta-feira (24.02).
Segundo o exército ucraniano, é objetivo da Rússia bloquear Kiev para criar um corredor terrestre para a península da Crimeia e a região separatista da Transnístria, na Moldávia.
O combate entre forças russas e ucranianas intensifica-se perto da capital da Ucrânia. A vice-ministra da Defesa da Ucrânia já admitiu o avanço das tropas inimigas nas imediações de Kiev. “A ocupação inimiga de Vorsel e das aldeias circundantes é possível”, segundo Hanna Malyar.
“Estamos sozinhos”
Numa mensagem de vídeo dirigida à nação, onde fez uma espécie de balanço do primeiro dia de guerra no seu país, Volodymyr Zelensky diz-se grato a “todas as nações que ajudam a Ucrânia”. Mas pediu mais: “Estamos sozinhos na defesa da nossa nação. Quem está pronto para lutar connosco? Não vejo ninguém. Quem está pronto a dar à Ucrânia uma garantia para aderir à NATO? Toda a gente está com medo.”
O Ocidente diz-se unido na condenação à ação da Rússia e apoio à Ucrânia. Mas não com meios militares em território ucraniano. Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e outros aliados ocidentais tentam colocar um fim à ofensiva russa por meio de sanções económicas nunca antes vistas, dizem.
Num discurso na Casa Branca, na quinta-feira (24.02), o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que, para além das sanções já divulgadas no início da semana, Washington irá sancionar empresas de tecnologia e oligarcas russos, impor limites às exportações e bloquear ativos de quatro grandes bancos da Rússia.
“Putin escolheu esta ala e agora ele e o seu país irão suportar as consequências. Haverá custos severos sobre a economia russa. Projetamos estas sanções com propósito de maximizar o impacto a longo prazo sobre a Rússia e minimizar o impacto sobre os EUA e os nossos aliados”, avisou Biden.
Sanções económicas mais duras
Também os 27 líderes da União Europeia (UE), que estiveram reunidos esta madrugada, chegaram a acordo sobre a aplicação de um segundo pacote de sanções “dolorosas para o regime russo”. Os 27 pretendem deverão avançar com restrições que impactem os setores financeiro, de energia e transportes. Também foram propostas novas sanções contra a Bielorrússia, pela sua cumplicidade nesta invasão.
Para já, aquela que é tida por vários analistas como a medida mais “punitiva” não foi ainda aplicada. Falamos do bloqueio ao acesso da Rússia ao sistema de pagamentos internacional SWIFT. Uma medida que já foi solicitada por Kiev.
Segundo Joe Biden, esta é uma hipótese que não está descartada, mas que não foi possível implementar pela falta de consenso entre os líderes ocidentais. O chanceler alemão, Olaf Scholz, por exemplo, é um dos que não apoia a exclusão da Rússia do SWIFT.
Para além das sanções, a União Europeia garante apoio aos possíveis refugiados vindos da Ucrânia. Neste que foi o primeiro dia da guerra na Ucrânia, estima a ONU, pelo menos 100.000 pessoas terão já abandonado as suas casas rumo aos países vizinhos.
Cimeira da NATO
Esta sexta-feira (25.02), o Conselho de Segurança da ONU votará a resolução de condenação do ataque russo. Está agendada também uma reunião do G7.
Os líderes dos países membros da NATO também se reúnem hoje num cimeira extraordinária por videoconferência, convocada pelo secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, que a justificou com a necessidade de os Aliados discutirem os próximos passos a dar face ao “ato brutal de guerra” lançado pela Rússia contra a Ucrânia.
Na quinta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que o dispositivo da NATO na Alemanha será reforçado com tropas norte-americanas, garantindo que defenderá “cada centímetro do território da NATO”.
Também hoje, Bruxelas acolhe uma reunião extraordinária, em formato presencial, dos chefes da diplomacia da UE para a adoção formal das sanções adotadas pelos chefes de Estado e de Governo dos 27 no Conselho Europeu extraordinário de quinta-feira à noite.