Novo decreto presidencial que mantém a situação de calamidade pública e exige certificados de vacinação para acesso a locais públicos ou fechados está a provocar enchentes aos centros de saúde na capital angolana.
O aumento de infeções e de mortes associadas à Covid-19 e a obrigatoriedade do certificado de vacinas em locais públicos e ou fechados a partir de 15 de outubro em Angola está a provocar uma corrida dos cidadãos aos postos de vacinação.
Nas filas intermináveis em Luanda, encontram-se, sobretudo, muitos jovens que procuram a primeira dose. O funcionário público Dilson João de Deus, de 34 anos, disse que “venceu o medo” e tomou a primeira vacina, afirmando estar “mais confiante e seguro”.
A trabalhadora doméstica Marcelina Sebastião prometeu “aguentar a enchente” em frente ao posto de vacinação do Magistério Primário, zona do Maculusso, centro de Luanda, esta sexta-feira (01.10) para ganhar a imunidade contra a Covid-19.
“Apesar da enchente, vamos tentar, porque em todo o lado não há”, disse. “Estamos aqui a aguentar. Se der para apanhar, vamos apanhar, se não, vamos voltar num outro dia.”
Novas medidas restritivas
O novo decreto sobre a situação de calamidade pública em Angola, com novas medidas mais restritivas para conter a propagação da pandemia, começou a valer esta sexta-feira.
O Governo de Angola voltou a proibir o acesso às praias e piscinas públicas, sendo obrigatória a apresentação do certificado de vacinas para aceder a locais públicos, nomeadamente restaurantes e instituições públicas, entre outros.
Joana Dimiro, coordenadora dum posto de vacinação, sublinhou que as pessoas despertaram em função do novo decreto. “Parece que acordaram e temos aqui uma enchente fora daquilo que estamos habituados a vacinar”, afirmou. “Em alguns dias já se tem notado uma grande adesão embora termos vacinado acima de 2 mil pessoas por dia”, acrescentou.
A estudante Luana Van-Dúnem de Brito, de 19 anos, conseguiu tomar a segunda dose, dizendo que “valeu a pena aguentar a fila enorme”. “Já tomei sim a vacina, o processo foi demorado, mas valeu a pena”, sublinhou.
Esperança Belo, médica e coordenadora do posto da Cidadela, disse estar satisfeita com a adesão considerável, sobretudo entre os jovens. “Quanto mais vacinarmos melhor para atingirmos maior parte da população e para atingirmos a imunidade”.
Angola pretende vacinar 60% da população elegível do país contra a Covid-19 até dezembro próximo, o que corresponde a 7,8 milhões de habitantes maiores de 18 anos, avançou a ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta.
LUSA