• 10 de Abril, 2025

Presidente da FLEC/FAC: “A situação em Cabinda é crítica”

 Presidente da FLEC/FAC: “A situação em Cabinda é crítica”

Bairro Lombo Lombo, província de Cabinda (DR)

 

Assinala-se hoje, 1 de Fevereiro, o dia da assinatura do Tratado de Simulambuca que colocou Cabinda como protetorado português. O acordo foi assinado, a 01 de Fevereiro de 1885, alguns meses antes da partilha de África – divisão do continente africano pelas potências europeias.

A celebração da data aqui em Angola ficou marcada com a detenção de activistas de Cabinda tentaram protestar na embaixada de Portugal, em Luanda. Os independentistas exigem o cumprimento do acordo de 1885.

A propósito da efeméride, A fonte conversou com o presidente da Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC/FAC), Emmanuel Nzita.

A fonte: A FLEC/FAC tem mantido contacto com o governo português?

Emmanuel Nzita (EN) – Estamos em contacto com o Governo português, Assembleia da República, como os serviços específicos até ao nível da presidência da república de Portugal. Posso até acrescentar que com o senhor Guterres António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas- porque a sua história está envolvida na “questão de Cabinda”.

A fonte: O que a FLEC pretende, afinal?

EN – A FLEC solicita a aplicação do direito legítimo e natural com base no território imaterial herdado da colonização traçado pela conferência de Berlin mediante apresentação de três tratados assinados entre os representantes dos Cabindenses e os representantes de Portugal que permitiram conferir ao Estatuto de Protetorado Português em Cabinda enquanto Angola já era colónia Portuguesa. A constituição portuguesa reconheceu nas possessões ultramarinas portuguesas Cabinda separada de Angola. Uma colónia – Angola – e outro protetorado – Cabinda.

A fonte: E o governo angolano não reconhece os direitos do povo de Cabinda?

EN – O governo angolano deve reconhecer o direito do povo de Cabinda à autodeterminação e pôr fim a agressão angolana em Cabinda.

A fonte: Depois da saída do ex-presidente José Eduardo dos Santos já não houve  conversações com o governo angolano?

EN – Após a saída do senhor José Eduardo dos Santos (JES), alguém tinha afirmado que “falar da identidade do Cabindense é como sonhar nadar num copo de água”. Agora. Convidá-lo a ver alguém trancado numa garrafa com rolha. Nós não estamos contra o povo angolano, os líderes angolanos devem enfrentar a realidade. Os europeias unem-se. Angola apresenta-se como escravagista com o fardo de escravo de Cabinda.

A fonte: A FLEC/FAC está aberta ao dialogo?

EN – A FLEC/FAC está aberta ao dialogo sobre a resolução da questão de Cabinda sem exclusão. Estamos em contacto com os serviços de inteligência de Angola. No nosso entender, Angola segundo  é representada por todas as tendências na Assembleia Nacional e é  onde temos estes contactos informais.

A fonte: Onde está a solução?

EN – A solução está na defesa da nossa identidade. O silêncio culposo de Portugal? Isso é para eles responderem. Mas cada um de nós vai lembrar.

A fonte: Qual é a situação actual de Cabinda?

EN – A situação em Cabinda é crítica. Ou seja, a população vive num estado desastroso, sem todos os produtos vitais de primeira necessidade, impedidos de cultivar os campos a pretexto de ir abastecer as instituições da FLEC/FAC instalados em Cabinda a redor dos centros urbanos.

A fonte: Mas se fez silêncio sobre a resolução dos problemas de Cabinda?

EN – Acabo de vos contar os truques habituais dos serviços angolanos ou do MPLA. O Silêncio culposo de outras forças angolanas mostra que a bola está entre os benificiários do lucro vindo de Cabinda às nossas custas. Devemos conquistar a nossa identidade pelo nosso suor e sangue.

 

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