Lusa-A notícia foi avançada pela Presidência do país, que fez saber que Hage Geingob morreu pouco depois da meia-noite deste domingo (04.02) no hospital privado Lady Pohamba, na capital Windhoek.
No comunicado não se faz referência às causas da morte, mas há duas semanas a Presidência da Namíbia informou que Hage Geingob iria iniciar um tratamento contra o cancro.
O comunicado sublinhou que, apesar “dos esforços enérgicos” da equipa médica, o Presidente faleceu, na presença da primeira-dama, Monica Geingos, e dos filhos.
“A nação da Namíbia perdeu um ilustre servidor do povo, um ícone da luta pela libertação, o principal arquiteto da nossa constituição e o pilar da casa da Namíbia”, disse o Presidente interino da Namíbia, Nangolo Mbumba.
O Presidente interino pediu à população que “permaneça calma e serena enquanto o Governo cuida de todos os preparativos e demais protocolos estaduais necessários” e prometeu que o executivo irá reunir-se “com efeito imediato” para tomar as providências necessárias.
A Namíbia faz parte de um terço dos 54 Estados soberanos de África que irão realizar eleições presidenciais, legislativas ou locais em 2024, após um ano marcado por vários golpes de Estado e avisos sobre a diminuição do espaço democrático em muitos países.
Na chefia do país desde 2015, Geingob estava a terminar o segundo e último mandato.
Hage Geingob tomou posse como Presidente em 2015 e foi o principal responsável pelo início das conversações com a Alemanha sobre a revisão das atrocidades cometidas pelo império alemão durante o período colonial e possíveis compensações.
“Incansável lutador pela liberdade”
Vários líderes africanos lamentaram, nas últimas horas, a morte de Hage Geingob.
Na mensagem do Presidente angolano, João Lourenço, Hage Geingob é recordado como um “incansável lutador pela liberdade de África” e alguém que “soube desde muito jovem dedicar-se à causa do resgate da dignidade dos povos africanos, da autodeterminação, da independência e da soberania dos países” do continente africano.
“Perdemos uma figura ímpar da história contemporânea do povo namibiano, que deixa um vazio difícil de se preencher”, destaca o chefe de Estado angolano, presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês).
Já os líderes de Zâmbia, Zimbabué, Quénia, Tanzânia, Somália e Burundi destacaram a liderança do ex-Presidente da Namíbia.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, recordou-o como “um patriota”, que teve um papel importante na libertação da “irmã Namíbia” do “colonialismo e apartheid”.
A Namíbia tornou-se independente da África do Sul em 1990 e Hage Geingob “também teve grande influência na solidariedade que o povo da Namíbia teve com o povo da África do Sul”, assinalou Ramaphosa.
O director da Organização Mundial da Saúde, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, sublinhou a “valentia” de Hage Geingob, que classificou como “um visionário”, e a sua “dedicação para melhorar as vidas e a saúde dos namibianos”.