Lusa-Um rapaz de 15 anos foi baleado mortalmente por um agente da polícia em Marromeu, num protesto contra os resultados oficiais que dão a vitória à Frelimo na repetição da votação naquele município, confirmou hoje a corporação.
Em declarações hoje aos jornalistas, Dércio Chacate, porta-voz do comando provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, explicou que o incidente aconteceu ao final do dia de terça-feira, quando uma patrulha interpelou “um cidadão de aparentemente 15 anos de idade” que “apresentava um comportamento visualmente alterado”.
Segundo a PRM, seguiu-se a relutância e “desobediência” do menor, que terá tentado retirar uma arma AK-47 a um dos agentes.
“Neste confronto direto com os agentes teria ocorrido um disparo forçado, o qual atingiu o cidadão, ocasionando a morte”, afirmou Dércio Chacate.
O caso foi alvo de abertura de um processo e o agente encontra-se detido na esquadra da PRM de Marromeu, detalhou ainda.
“A PRM é o autor mais interessado neste processo e por esta via foi despachada uma equipa ao distrito de Marromeu para aferir todas as circunstâncias envolventes nesta ação criminal”, acrescentou.
Pelo menos dois agentes da polícia moçambicana ficaram feridos e quatro pessoas foram detidas em tumultos ocorridos durante a repetição de eleições em Moçambique, domingo, anunciou na segunda-feira o comandante-geral da corporação.
“Tanto em Gurué, assim como em Marromeu, foram atiradas pedras [contra a polícia]. Tivemos dois colegas feridos em Marromeu que estão fora do perigo, mas ainda em tratamento”, disse Bernardino Rafael, no distrito de Palma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Segundo o comandante-geral da PRM, foram detidas quatro pessoas em Gurué, duas por ilícitos eleitorais e as outras duas em flagrante quando colocavam barricadas na via pública.
Sem mencionar números, Bernardino Rafael referiu ainda que quatro grupos que estavam a “alterar a ordem e segurança pública” foram detidos em Marromeu, na província de Sofala, centro de Moçambique.
No distrito de Gurué, na Zambézia, também na zona centro, foram registados tumultos entre populares e a polícia, com as pessoas a arremessar pedras contra os agentes, que, por sua vez, dispararam balas de borracha, gás lacrimogéneo e “balas reais” para dispersar os populares, ferindo uma pessoa, segundo dados avançados pela própria polícia.
Apesar dos tumultos, o comandante-geral da PRM faz uma avaliação positiva da repetição de eleições em Moçambique, referindo que o processo decorreu de forma ordeira.
As organizações moçambicanas que observaram o processo eleitoral no domingo denunciaram um ambiente de tensão na abertura e fecho da nova votação, com “várias irregularidades, ilícitos, violência, tentativas de fraude, disparos e detenções”, principalmente nos municípios de Gurué e Marromeu.
Em Milange e em Nacala-Porto a repetição das eleições foi tranquila e pacífica, relatam órgãos de comunicação social locais.
Um total de 53.270 eleitores foram chamados, no domingo, a repetir a votação em 75 mesas para a escolha de novos autarcas em quatro municípios em que as eleições não foram validadas pelo Conselho Constitucional (CC) moçambicano, devido a irregularidades.
A repetição da votação decorreu em 18 mesas de Nacala-Porto (província de Nampula), três de Milange e 13 de Gurúè (Zambézia) e na totalidade das 41 mesas de Marromeu (Sofala).
As eleições de 11 de outubro foram fortemente contestadas pela oposição e sociedade civil, que denunciaram uma alegada “megafraude”.
O CC moçambicano proclamou, no dia 24 de novembro, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) como vencedora das eleições autárquicas de 11 de outubro em 56 municípios, contra os anteriores 64 anunciados pela CNE, com a Renamo a vencer quatro, e mandou repetir eleições em outros quatro.