• 29 de Novembro, 2024

Uma viagem turística memorável à Camela Amões

 Uma viagem turística memorável à Camela Amões

Redação

O feriado (do dia dos finados) prolongado foi repleto de excursões turísticas no país. Cidadãos nacionais e estrangeiros visitaram os diferentes pontos de lazer de Angola. O jornal digital Afonte acompanhou a quarta Excursão Turística e Acadêmica à Camela Amões, na província do Huambo.
Mais de 50 turistas entre homens, mulheres e crianças ficaram na aldeia por quase quatro dias.

A Camela Amões tem sido, nos últimos tempos, o destino turístico de muitas pessoas, precisamente para relaxar e também conhecer os investimentos feitos num local descrita como um modelo de desenvolvimento sustentável em Angola.

No Huambo também há outros pontos turísticos com, por exemplo, o Morro do Moco.

Turismo interno

A viagem começou a ser desenhada nas primeiras horas de quinta-feira- (02.11). Dois locais para recolha dos turistas: Casa da Juventude, em Viana e no Gamek.

No momento da partida, as expectativas.

“A expectativa é muita. Espero que supere as minhas expectativas porque já tenho acompanhado a Criar Sabendo”, disse Pedro Paulo.

Primeira paragem

Almoço dos turistas no Dondo

O evento foi realizado pelo Criar Sabendo – uma empresa de promoção ao turismo constituída por jovens. A viagem teve a sua primeira paragem no munícipio do Kambambe, precisamente no Dondo, Kuanza-norte. Dondo é uma pequena cidade onde o rio Kwanza – o maior de Angola com a sua nascente na província do Bié –  exibe a sua majestosa beleza.  É também neste local em que os turistas nacionais e estrangeiros dão uma pausa para saborear, sobretudo o cacusso e outros alimentos da gastronomia angolana.

No local, os turistas para Huambo comeram, beberam e, muitos até aproveitaram a primeira paragem para troca de contactos e aumentar o número de amigos. Paulo Gamba, um jurista e investigador angolano, também ele membro de direção da referida instituição, explicou:

“Acho que, o facto de nós convivermos com os nossos turistas de 02 a 05 de Novembro aproveitando esse feriado no município do Katchiungo vai, não apenas servir para Criar Sabendo como reencontro, mais também fazer com que as pessoas redescobrem e apostem mais no turismo interno para explorarmos pontos turísticos que ainda são virgens”.

“Agita, agita, agita”

Depois da refeição, os turistas seguiram viagem. No interior do autocarro, ouviam-se cantos, via-se danças e repetia-se um slogan que ficou na boca de todos: “Agita, agita, agita”. Agita é uma palavra muito utilizada na campanha eleitoral de 2022 pelo partido no poder. Mas, o contexto em que estava a ser aplicada na excursão, era turística e parecia ser bem enquadrada.

Um dispositivo de som colocado no penúltimo banco do lado esquerdo do autocarro, libertava os mais variados temas da música nacional e internacional. As piadas, refrigerantes e cervejas complementavam o rol de ingredientes para um turismo interno que se adivinhava interessante. Destino: Camela Amões. Mas antes de se lá chegar, apreciou-se o verde da natureza e admirou-se cada exibição da montanha. Houve quem evocasse a dimensão grandiosa de Deus.

O grupo chegou a Aldeia Camela Amões quando o sol já não dava o ar da sua graça. Antes das respectivas acomodações em residências que não devem nada as existentes na grande Luanda em termos qualitativos, fez-se a primeira refeição na zona considerada como sendo um dos modelos de desenvolvimento sustentável em Angola.

Camela Amoões

Muito já se sabe sobre o Projecto Aldeia Camela Amões , localizada no município do Kachiungo, província do Huambo. A inciativa tem  tem como objectivo reformar 40 mil hectares em áreas de habitação, lazer, ensino, saúde e campos de produção agrícola, florestal, pecuária, zona industrial, ecoturismo e reserva de animais selvagens da província. Dados indicam que, para sustentabilidade do projecto, a meta é construir, até 2025, duas mil e 500 casas sociais, de modos a evitar o êxodo populacional.

Segundo o Jornal de Angola, na sua edição de Setembro de 2018,  a Aldeia Camela Amões foi fundada a 20 de Fevereiro de 1910 por Prata Camela Amões, neto do rei Ekuikui II. O fundador da aldeia, conforme reza a história, terá caminhado das zonas do reino do Bailundo para fixar-se na aldeia da Cavava, por volta de 1890, na última década do século XIX.

Hoje, Camela é um local turístico. Um local onde se sente a paz alimentada por um ar puro. Durante os quatro dias de turismo não houve nenhum dia em que S. Pedro deixasse de revelar a sua existência: Chuva todos os dias.

“Aqui é mesmo assim. No verão chove quase todos os dias”, revelou uma moradora e funcionária local.

Nelson Kabemba

Expectativas do turismo angolano

O turismo no Huambo não foi apenas de comes e bebes. Foi igualmente de aprendizagem e reflexões. Na sexta-feira, em conferência realizada pela organização, falou-se sobre “As Expectativas do Turismo em Angola”. Foi preletor Nelson Kabemba, representante do Instituto Nacional de Fomento ao Turismo (INFOTUR).

Na ocasião, Nelson fez saber que, actualmente,  o turismo contribui apenas com 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) angolano.

Em relação as metas, o Estado angolano pretende atingir até 2030, 07% de receitas, 10 milhões de turistas e posicionar Angola nos 10 destinos turísticos de África: “São metas alcançáveis. Estamos até a fazer uma estimativa muito por baixo isso tendo em conta o nosso potencial turístico. Portanto, são metas alcançáveis e com políticas bem direcionadas e uma estratégia de planificação eficaz, acredito que Angola pode atingir a meta”.

“Nós entendemos que o turismo deve, de facto, constituir-se no próximo petróleo de Angola”

O Ministério da Cultura e Turismo já tem definidos alguns polos como, por exemplo, o Polo Turístico de Cabo Ledo, Polo Turístico de Kalandula, Polo Turístico de Okavango entre outros. Mas muitas destas zonas ainda não têm estradas dificultando, deste modo, a sua acessibilidade.

“Há uma tese de que o turismo não existe sem a existência de uma estrutura básica e desenvolvida. Estamos a falar sobre os acessos aos locais, das vias de comunicação, as estradas, temos ainda muito trabalho interno por fazer.”

“O novo petróleo de Angola”

Afonso Pina

E, em declarações à imprensa, Afonso Pina, director Executivo da Criar Sabendo – instituição que promoveu esta actividade –  falou sobre o desafio de realizar excursões numa altura em que as pessoas perderam o poder de compra dada a nova conjuntura social e econômica que o país vive.

“Reparem que nós já estamos nessa empreitada há dois anos e de lá para cá o balanço tem sido, verdadeiramente positivo. Achamos que desta forma estamos a dar o nosso contributo para o país no âmbito da divulgação do turismo.”

O país tem estado a lutar para diversificação da sua economia dependente, fortemente das receitas petrolíferas para sustentar o seu Orçamento Geral do Estado. Recentemente, Angola isentou o visto a mais de 90 países de todo mundo para relançar actividade turística no país.

“Nós entendemos que o turismo deve, de facto, constituir-se no próximo petróleo de Angola. Não mais como um recurso findável ou não renovável, mas como um recurso que, efectivamente possa garantir um desenvolvimento sustentável e até porque é também um sector que pode garantir maior número de emprego”, concluiu Pina.

Na sequência, o sábado foi reservado para três atractivos: exercícios físicos, visita turística guiada (onde houve encontros também com gente da Camela)  e uma festa de confraternização que se arrastou até a madrugada.

Na constatação dos pontos turísticos da Camela Amões, os turistas entraram em contacto com a natureza, tiraram fotos e “mataram” o estresse que Luanda oferece, diariamente; Na festa houve tudo e mais alguma coisa: dança, karaokê, pedidos de amizade e trocas de contactos.
Já, no domingo, dia do regresso a capital do país, os ânimos exaltaram-se um  pouco no momento do pequeno almoço. Queixavam-se de atraso por parte das pessoas encarregues em confeccionar os alimentos. Porém, não passou disso mesmo. A paz e a gargalhada voltaram a reinar momentos mais tarde.

O regresso foi feito, tranquilamente com cada excursionista a ficar no seu respectivo destino, seguramente com boas memórias gravadas na mente. Os turistas despediam-se uns dos outros com a palavra da excursão: “agita, agita, agira”.

Artigos relacionados