A Rússia confirmou a “retirada parcial” das tropas da fronteira ucraniana esta terça-feira, no entanto, o Ocidente não descarta a possibilidade de um ataque iminente porque, na prática, ainda não há sinais da desescalada russa na Ucrânia.
O anúncio foi feito na terça-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e reiterado por Vladimir Putin: “É uma retirada parcial das tropas das áreas dos nossos exercícios”, disse o presidente da Rússia durante uma conferência de imprensa com o chanceler alemão, Olaf Scholz. No entanto, não ficou claro exatamente quantos soldados foram retirados da fronteira ucraniana. E quando questionado pelo motivo desse recuo, Putin perguntou retoricamente “O que há para comentar?”.
O Ocidente alega que ainda não existem sinais imediatos de um afastamento dos soldados russos. “Até agora, não vimos qualquer desescalada no terreno por parte da Rússia. Nas últimas semanas e dias vimos o contrário”, afirmou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, esta terça-feira. Ainda assim, a Organização do Tratado do Atlântico Norte acredita que “existe alguma margem para um otimismo cauteloso baseado nos sinais vindos de Moscovo”.
Joe Biden também disse que ainda não se verificou, de facto, a retirada das unidades militares do terreno. Por isso, o presidente dos Estados Unidos lembrou que o ataque russo à Ucrânia ainda é possível, voltando a pedir a Moscovo para recuar. Tanto os EUA como os aliados da NATO estão preparados para o que acontecer, vincou Biden: “Estamos prontos a responder de forma decisiva a um ataque russo à Ucrânia, que continua a ser uma grande possibilidade”. Numa declaração transmitida pela Casa Branca, o presidente norte-americano aproveitou para reforçar: “Aos cidadãos da Rússia: vocês não são nossos inimigos, e não acredito que queiram uma guerra sangrenta e destrutiva contra a Ucrânia”.
A Ucrânia está, também, muito cética quanto às intenções do país vizinho. “Muitas declarações são constantemente feitas a partir da Rússia, por isso temos uma regra: acreditaremos quando virmos”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros. “Se virmos a retirada, então acreditaremos na desescalada”, acrescentou Dmytro Kuleba.
Não é uma reação à “histeria” do Ocidente, diz Rússia
Já o Kremlin (governo russo) acusou o Ocidente de fabricar “loucuras maníacas”. “Sempre dissemos que as tropas regressariam às suas bases depois de terminados os exercícios militares. É o caso desta vez também”, justificou o porta-voz Dmitry Peskov. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, explicou esta terça-feira que a retirada de algumas unidades militares não se tratou de uma reação à “histeria” do Ocidente, apenas do que estava programado.
Apesar das dezenas de milhares de soldados que mantém na fronteira com a Ucrânia, a Rússia tem negado qualquer plano de invadir o país ou de começar um conflito. A tensão entre ambos tem escalado desde novembro, quando a Rússia destacou mais de 100 mil militares para junto da fronteira ucraniana.
Agora, Putin diz estar pronto para “trabalhar mais em conjunto” com o Ocidente e pronto também para “seguir o caminho das negociações”. “Quanto a saber se queremos guerra: claro que não. É por isso que fizemos propostas sobre as negociações, cujos resultados devem ser um acordo sobre segurança igual para todos os países, incluindo o nosso”.
Ao mesmo tempo, o presidente russo insiste que a possível expansão da NATO na Europa de Leste e a ideia da Ucrânia aderir à aliança atlântica representa uma ameaça para o país.
Fonte: Expresso