Os chefes de Estado e de Governo da NATO, reunidos esta quinta-feira (24.03) em Bruxelas, exortaram a China a abster-se de “apoiar de qualquer forma o esforço de guerra da Rússia” na Ucrânia, incluindo a ajudar Moscovo a “contornar as sanções”.
“Exortamos todos os Estados, incluindo a República Popular da China, a manterem a ordem internacional, incluindo os princípios de soberania e integridade territorial, tal como consagrados na Carta das Nações Unidas, a absterem-se de apoiar de qualquer forma o esforço de guerra da Rússia, e a absterem-se de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções”, lê-se na declaração adotada após a cimeira extraordinária.
Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) afirmam-se “preocupados com os recentes comentários públicos de funcionários da República Popular da China” e apelam a Pequim “para que deixe de amplificar as falsas narrativas do Kremlin, em particular sobre a guerra e sobre a NATO, e para que promova uma resolução pacífica do conflito”.
Apelos ao Kremlin
A Moscovo, a NATO reiterou os apelos para que permita “o acesso humanitário rápido, seguro e sem entraves e corredores seguros para os civis, e a permitir que a ajuda humanitária seja entregue a Mariupol e a outras cidades sitiadas”.
A Aliança Atlântica pediu ainda à Rússia para que se “empenhe construtivamente em negociações credíveis com a Ucrânia para alcançar resultados concretos, começando com um cessar-fogo sustentável e avançando para uma retirada completa das suas tropas do território ucraniano”.
“A Rússia precisa de mostrar que leva a sério as negociações, implementando imediatamente um cessar-fogo”, sustenta, observando que “a agressão contínua da Rússia enquanto decorrem as discussões é deplorável”.
Os líderes da Aliança Atlântica também condenam “os ataques contra as infraestruturas civis, incluindo as que põem em perigo as centrais nucleares”. “Qualquer utilização pela Rússia de uma arma química ou biológica seria inaceitável e resultaria em consequências graves”, advertiram.
Apoio à Ucrânia
Os líderes da NATO reafirmaram a “total solidariedade” com o Governo ucraniano e “os bravos cidadãos ucranianos que estão a defender a sua terra”, mas não fizeram os anúncios desejados por Kiev.
“Os aliados da NATO intensificaram o seu apoio e continuarão a prestar mais apoio político e prático à Ucrânia, enquanto o país continua a defender-se”, lê-se na declaração final da cimeira.
Os aliados confirmam que irão “prestar assistência em áreas como a cibersegurança e a proteção contra ameaças de natureza química, biológica, radiológica e nuclear”, recordando que os países membros da Aliança “também prestam um amplo apoio humanitário e estão a acolher milhões de refugiados”.
“Os ministros dos Negócios Estrangeiros irão debater mais aprofundadamente o seu apoio à Ucrânia quando se reunirem em abril”, acrescentam.
Os líderes concordaram hoje em “acelerar os esforços” com vista ao cumprimento de consagrar 2% do PIB a despesas em defesa, os aliados indicam ainda que também aumentarão a “preparação e prontidão para ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares”, agendando desde já decisões concretas para a cimeira da NATO a celebrar em junho em Madrid.
A NATO confirmou ainda o fortalecimento da sua postura “dissuasora” na parte oriental da Aliança, tendo aprovado, como primeiro passo, o envio de quatro novos grupos de combate para Bulgária, Hungria, Roménia e Eslováquia.
Aviões de guerra e tanques
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a pedir aos líderes dos países da NATO que ofereçam a Kiev “ajuda militar ilimitada”. “A Ucrânia pede aviões para não perdermos tantas pessoas e ainda não recebemos um avião sequer (…). Pedimos tanques para defender as nossas cidades (…). 25 mil tanques. A Ucrânia está pedindo apenas 500”, disse Zelensky, em seu discurso por videoconferência na cúpula da aliançã em Bruxelas.
O mandatário ucraniano, após um mês de resistência contra a invasão russa, disse que não recebeu “resposta” aos seus pedidos. “Dêem-nos, vendam para nós”, disse ele, sobre seu pedido para receber tanques.
“Entendo que não são vocês que estão bombardeando a Ucrânia. Só quero saber se a Aliança ainda pode evitar mortes ucranianas devido à invasão russa”, acrescentou.
Entretanto, o secretário-geral da NATO lembrou, a organização “tem a responsabilidade de evitar que este conflito se torne uma guerra total na Europa envolvendo não só a Ucrânia e a Rússia, mas também aliados da NATO e da Rússia, e que será mais perigosa e mais devastadora”.
Fonte: Agências