• 1 de Dezembro, 2024

A vandalização de bens públicos não é (e nunca foi) caso de polícia

 A vandalização de bens públicos não é (e nunca foi) caso de polícia

Por: Fábio Pedro

Diz-se que ao educar uma criança estamos a criar condições para que nunca seja necessário a punição de uma nação.

Todos os dias, acompanhamos através dos distintos órgãos de comunicação social e media social, informações sobre o fenómeno da vandalização dos bens públicos (até mesmo privados) por todo o país, com uma tendência crescentes dos números de ocorrências.

Os órgãos de direito parecem estar a perder algum fôlego nesta luta, onde se apela à colaboração de todos, desde a escola, as igrejas, a polícia e… a FAMÍLIA. A necessidade do exercício da cidadania participativa impera.

Sobre os prejuízos desta acção maléfica estamos todos cientes. São dinheiros públicos gastos para a colocação de um bem que deve servir a todos, no entanto, ninguém tira o devido proveito pela esperteza dos ‘‘amigos do alheio’’, que tendem vandalizar o bem comum, as vezes em benefício próprio, outras por belo prazer de destruir.

Tem se dito que ‘‘Uma mente desocupada é uma arma perigosa’’.

Muitas vezes ouvimos justificações dos prevaricadores, baseadas nos altos níveis de desemprego, de acordo à nossa realidade, a fome, a pobreza e tantos outros.

Por outro lado, vemos entidades ligadas ao aparelho do Estado a condenar com veemência estas ocorrências e, em alguns casos, com abordagens acusatórias de matriz política, socorrendo-se do passado de Angola, no contexto da guerra civil.

A interpretação destes fenómenos deveria, antes demais, obedecer a estudos sociológicos profundos, baseados na caracterização do povo, independentemente da região geográfica, para compreender determinados comportamentos e atitudes e permitir uma actuação focada na resolução dos problemas desde à base.

Ao Estado, se exige uma actuação cada vez mais inclusiva, desde a criação de espaços para a formação profissional aos adolescentes e jovens, que garantam depois a geração de empregos de qualidade.

Tem se dito que ‘‘Uma mente desocupada é uma arma perigosa’’. Talvez isto explique a necessidade premente que temos de incentivar cada vez mais à busca incansável pelo conhecimento, a tomada de atitudes empreendedoras, geradoras de desenvolvimento nas comunidades.

E os órgãos repreensivos, são dispensáveis?

Claramente não. Serão sempre necessários para a correcção de comportamentos e atitudes desviantes da sociedade, sujeita a corrupção da mente, por via da tentação pelo lucro fácil, ainda que isto implique a violação de normas de convívio social.

Para além disso, ela terá sempre a responsabilidade de uma actuação mais pedagógica na abordagem desta questão. Um trabalho que deve envolver também a comunidade, as igrejas, as escolas, organizações da sociedade civil, no diálogo perante e fraterno e na denúncia dos casos de vandalização de qualquer que seja o bem público.

Em todo este processo, a actuação da família é e continuará a ser o mais importante. Aliás, a moralização de qualquer sociedade depende necessariamente da qualidade do primeiro núcleo social – A família.

É dela onde parte cada membro da sociedade. Por isso, pesa sobre a família, a maior quota de responsabilidade na educação das pessoas. Nela aprendemos os valores absolutos da vida, sobretudo em proteger o que é nosso e dos outros.

Se o indivíduo aprende a prática rigorosa dos valores no seio familiar, sobretudo a compreender que a colectividade será sempre mais importante que o ego, certamente não teremos em nenhum momento de recorrer ao aparelho repreensivo do Estado.

Deste modo, estaremos a usufruir e por muito mais tempo dos benefícios sociais de cada bem público que o governo coloca à nossa disposição e permitir que as instituições do estado virem as atenções para outros programas, em benefício de mais populações e ajudar efectivamente no desenvolvimento do nosso país.

Façamos por Angola. A nossa terra.

Artigos relacionados