Por: Fábio Pedro
Estamos todos cientes da importância das pontes para o desenvolvimento de qualquer que seja a comunidade, sobretudo no nosso país, onde a qualidade das estradas ainda é uma grande dificuldade, para além do facto de termos comunidades muito afastadas das outras.
A nossa reflexão hoje é justamente da importância das pontes. Elas devem substituir os muros altos que erguemos para que estejamos separados do indesejado.
O conceito de ponte para a nossa reflexão transcende as estruturas de betão (ou metal) colocadas para atravessar rios. Definitivamente NÃO!
Entenda-se também por muros, não as estruturas de erguidas para separar quintais e sim comportamento e atitudes que nos afastam dos outros, inibindo os demais de expressão duas opiniões e sentimentos, sobretudo num estado que preserva religiosamente os princípios da liberdade de expressão, que nunca devem ser confundidas com libertinagem.
Várias são as situações que no quotidiano podem afastar-nos quer física como emocionalmente de outrem e às vezes, gerando um conflito que leva décadas ou séculos.
Quero em torno disso propor uma profunda reflexão em torno do recente conflito armado no país, que abriu feridas profundas nos nossos corações, com traumas a todos os níveis e impediu o desenvolvimento de Angola durante décadas.
Antes demais, julgo ser altura para, enquanto sociedade desconstruirmos a narrativa de guerra, assente na acusação mútua, pois entende-se que estiveram desavindos irmãos de uma nação, por razões sobejamente conhecidas – a luta desenfreada pelo poder.
É hora de mudar o rumo, sobretudo para a salvaguarda da sanidade mental das gerações mais jovens, que não sentiram os efeitos directos da guerra que vitimou milhões de angolanos, que muito tinham para contribuir para o desenvolvimento do país nas mais distintas áreas.
As pontes que precisamos construir são as do diálogo, que nos ligam cada vez mais, encontrando caminhos de desenvolvimento, um diálogo sincero e harmonioso, que respeite a liberdade de pensamento, a unidade na diversidade.
Independentemente da nossa orientação política ou religiosa, o nosso denominador comum deve sempre ser o desenvolvimento desta Angola que todos propalamos amar. É por ela que devemos unir sinergias nas nossas lutas diárias, enfrentando todas as adversidades, em nome do interesse nacional.
“Que o jogo político não ridicularize a importância do diálogo fraterno na nossa sociedade”
A construção de pontes do diálogo deve ser um exercício de cidadania, que encontra espaço privilegiado na família, de onde cada membro da sociedade é moldado para responder às exigência do desenvolvimento de uma nação.
O passado é importante, por causa das inúmeras lições para a construção de um futuro melhor. Mas ele não pode e nem deve constituir uma prisão para o nosso crescimento individual ou colectivo. Antes pelo contrário deve estimular-nos para o alcance de resultados diferentes, para o melhor.
Isso só será possível, mediante uma mudança de consciência colectiva, para a necessidade de contribuirmos para o desenvolvimento do país, com base no princípio da inclusão, onde todos podem contribuir com ideias ou esforço físico.
Que o jogo político não ridicularize a importância do diálogo fraterno na nossa sociedade, mas abra espaço para fazer crescer talentos que possam servir fielmente o país.
Dialoguemos mais e incluamos melhor, até mesmo aqueles que não fazem parte do nosso clube, partido ou ONG.
Façamos por esta Angola que tanto amamos e temos a responsabilidade de desenvolver.