• 1 de Dezembro, 2024

Nós e as grandezas

 Nós e as grandezas

Foi baptizado com o nome do primeiro presidente António Agostinho Neto.

Por: Fábio Pedro

No passado dia 10 de Novembro de 2023, o nosso país registou um acontecimento importante para a história da aviação civil, com a inauguração do novo Aeroporto Internacional de Luanda, que se viu baptizado pelo nome do primeiro Presidente da República de Angola, Dr. António Agostinho Neto.

Sobre o reconhecimento à figura de Neto, talvez seja indiferente para muitos e um dado de extrema importância para outros.

Certo é que se trata de uma infraestrutura importante para o país, primeiro é que surge na perspectiva de se adequar as infraestruturas internas à dimensão do crescimento que se pretende, por formas a que o país possa ombrear com os demais, nessa atmosfera económica, que se quer cada vez mais competitiva.

Mais do que uma obra de engenharia vistosa de se lhe ‘‘tirar o chapéu’’, o Aeroporto Dr. António Agostinho Neto coloca o país na rota do desenvolvimento, por meio do fomento ao turismo, captação de investidores e a melhoria da reputação internacional, a partir de infraestruturas que garantam eficiência e eficácia nas operações de transporte de pessoas e bens, nas mais variadas vias.

É público que o novo aeroporto tenha a capacidade para mais de 15 milhões de passageiros por ano. Atenção que este número não significa propriamente que estejam a ir para Luanda, pois, muitos estarão apenas em trânsito.

Representa, portanto, um grande ganho para o país, ao concluir um projecto, cuja sua idealização data ao ano de 1997, isso no consulado do Engenheiro José Eduardo dos Santos, segundo Presidente da Angola Independente.

O alerta sobre as grandezas que podem não ser muito grandes, surge no sentido de sabermos dar uso real dessas infraestruturas, para os competentes fins a que nos comprometemos executar.

É comum pelo país encontrar-se infraestruturas como escolas, hospitais e outras que, meia volta não funcionam ou funcionam apenas pela metade e as vezes a justificação induz-nos à tentação de pensar na falta de estratégias de rentabilização, ou até mesmo o estabelecimento de prioridade clara para justificar todo o investimento do nosso dinheiro. Sim. Nosso dinheiro.

Será que falhamos na prioridade?

Esta questão fica para a próxima, porque quero analisar ainda a questão do sub-aproveitamento das infraestruturas que teriam maior proveito, se tivessem sido construídas com uma estratégia previamente definida, com foco na valorização dos quadros angolanos, bem como os insumos da nossa terra.

Você se lembra do Aeroporto Internacional do Luau?

Foi reabilitado e já com a categoria de Internacional, no ano de 2015 e, de acordo com quem lá mora, nunca se ouviu nem viu nenhum avião por aí, com excepção daquela movimentação normal dos dias que antecedem a inauguração.

Assim como o Luau, podemos citar o Sumbe, N’dalatando e talvez Caxito.

Por altura da inauguração do aeroporto Dr. António Agostinho Neto, foi anunciada a construção de outros novos aeroportos pelo país e, quero acreditar serem parte de uma estratégia, dentre os quais consta o aeroporto de Cazombo…

Cazombo é uma das nove comunas do município de Alto Zambeze, na Província do Moxico, por sinal a maior do país em extensão territorial.

Seja qual for a estratégia, julgo importante que nela não sejam cometidos os ‘‘erros de cálculo’’ dos demais aeroportos disfuncionais espalhados pelo país, que repito, por falta de estratégia concertada estão em estado de abandono, onde, provavelmente os cabritos e outros animais encontrarão a qualquer momento, espaço para os seus momentos de lazer.

Impera a necessidade de um exame de consciência nacional em torno destes e outros investimentos que, aplicados em outras áreas, talvez tivessem outro impacto de acordo à nossa realidade económica e social.

Façamos por Angola.

Um bem-haja.

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