Por: Catarina Fortunato – Escritora e cronista
Enquanto uns perseguem o emprego, como os nossos antepassados buscaram a terra prometida, outros vão se adaptando aos desafios enfrentados os dias como verdadeiros guerreiros.
Com a inflação e a consequente subida de preços dos produtos de primeira necessidade, parar é morrer, adaptar-se a realidade é o que nos resta.
Enquanto o emprego não vem, uns guardaram os diplomas na gaveta da esperança e mergulharam no trabalho ocasional que felizmente fez calar o roncar de muitos estômagos.
Desde motoqueiros, lotadores, quebra ossos, escamadores, intermediários, diaristas, lavadoras de pês, diaristas, dentre outras formas alternativas de se conseguir o pão nosso de cada dia, novas classes trabalhistas vão desabrochando na nossa sociedade. De manhã, bem de manhãzinha, entoam os refrões da sobrevivência numa lamentosa melodia afinada pela força e a responsabilidade de ser adulto (adulto de verdade tem que prover) Bumbaaa… Bumbaaaa, parar é conversa, não aceita mano, ser coagido.
Os preços andam cada vez mais altos e o custo de vida incompatível com o bolso do pacato cidadão, a racionalização foi convertida numa kixikila de tostões.
-Está duro – Grita o homem inconformado, empunhado uma analgésica garrafa de cerveja para acalmar as malambas… O que não tem remédio remediado está, mas dizem que há sempre um remédio alternativo ou similar, nem que seja um clister de jipepe.
Nesta luta desenfreada pelo pão, perde-se impostos e valores morais, no imediatismo do prato quente, o INSS passa longe, bem perto do horizonte onde se vislumbra num futuro próximo uma reforma de sacos vazios.
Precisamos urgentemente de políticas abrangentes, muito mais abrangentes ainda, para prevenir, o fenômeno da reforma desprovida, onde pessoas que trabalharam a vida toda apenas para comer, venham a ter uma vida dependente, porque um dia não puderam nem “desviar” do prato uma moeda para o amanhã.