Por: Fábio Pedro
Mais do que a disputa de duas ou mais equipas, o desporto é conhecido em várias latitudes, como factor de unidade entre os cidadãos. Uma importante plataforma de inclusão social, por unir todas as camadas, independentemente do nível social, cultural, académico, enfim.
A recente participação da selecção angolana no Campeonato Africano das Nacções (CAN), na Costa do Marfim veio provar este pensamento, sobretudo para quem ainda duvidava do papel social do desporto na vida das nossas comunidades.
Temos todos em memória, o tempo de divórcio entre os Palancas Negras (Denominação oficial da Equipa Nacional de Futebol em Angola), que durava há cerca de 14 anos, que levou ao descrédito, uma Selecção que levou anos a se reinventar, mesmo com a transição geracional ao longo do período em questão.
Aliado a isso, não se pode fazer vista grossa à falta insuficiência de apoios por parte do Estado, como dos privados, de quem se pediu sempre uma intervenção à altura da grandeza do país. Isso sem falar do nível de (des)organização das entidades gestoras do nosso futebol, que em muitas ocasiões colocaram o nome do país, numa condição de bastante desconforto. Angola não (e não pode ser) isto.
Durante a prestação de Angola no CAN, sobretudo nas duas últimas jornadas da fase de grupo, testemunhamos todos a onda de apoio em torno da Selecção de todos nós, de um jeito muito animado, onde salta à vista a famosa coluna do Gibelé. Quem diria! A Nacção ficou unida em torno de uma coluna JBL, utilizada pelos jogadores para elevar os índices motivacionais dos jogadores, ao som do kuduro e Afro House.
Com um pouco de humor à mistura, o povo voltou a sonhar. A crença em torno dos Palancas Negras renasceu e a alegria em todos os bairros do país ecoou.
Nas últimas semanas, em todos os cantos desta Angola, as conversas centraram-se sempre em torno dos jogadores da Selecção, onde os nomes de Gibelé, Mabululu, Gelson Dala, Fredy e outros bravos guerreiros estiveram sempre em evidências.
As tristezas, angústias e outras amarguras, fruto de várias vicissitudes do quotidiano, foram temporariamente esquecidas, pela magia do bom futebol praticado por Angola. Disso não tenhamos dúvidas.
Talvez com um pouco mais de apoio, do ponto de vista institucional e material, a Selecção tivesse mais espaço para sonhar e a possibilidade de chegar mais longe, como todos chegamos a sonhar em algum momento. Só precisamos de todo apoio necessário e um pouco mais de organização.
Esperamos que tenha servido de lição, sobretudo pela necessidade de se investir cada vez mais no desporto e lograr êxitos ao nível social, por representar uma plataforma de inclusão e unidade.
O desporto escolar é uma necessidade premente, pelo seu valor na descoberta de talentos, para além de estimular ao aprendizado das regras de boa convivência social.
Visto deste prisma, podemos observar que a aposta no desporto deixa de ser um custo e torna-se num investimento com retorno garantido, desde que se combine dinheiro e organização. Saber colocar pessoas certas nos devidos lugares é crucial.
A Nacção que queremos cada vez mais justa e inclusiva, também exige esta aposta séria no desporto, pelas suas múltiplas valências.
Este país merece mais e melhor de cada um de nós.
Um bem-haja a Selecção Angolana
Viva o desporto nacional.