• 1 de Dezembro, 2024

“Angola pode jogar um papel importante” na crise energética mundial

 “Angola pode jogar um papel importante” na crise energética mundial

O Presidente da República,  João Lourenço, garante que o conflito entre a República Democrática do Congo e o Ruanda está preste a terminar. “Temos razões de sobra para estarmos optimistas, uma vez que alguns passos expositivos já foram dados, no sentido da resolução do conflito”, disse o chefe de Estado em entrevista à Rádio France Internacional (RFI), depois de ter discurado na segunda-feira (24.10), na cerimónia de abertura da 8ª edição do Fórum Internacional de Dacar sobre Paz e Segurança em África.

Para o Presidente da República, “o mundo está aflito com a problemática da energia. Angola pode contribuir com combustíveis fósseis para a Europa e para quem precisar dela”.

 A África lusofona é convidada de honra nesta 8ª edição do Fórum Internacional de Dacar. Por que motivo?

João Lourenço: Nós pensamos que terá sido pelo facto da cimeira de Malabo, que teve lugar em Maio, me ter colocado na posição de campeão da paz e segurança do continente. Uma vez que a matéria principal deste fórum de Dacar é paz e segurança, acho que faz todo o sentido que o campeão da paz e segurança do continente fosse o convidado especial desta edição.

Angola é o mediador do conflito Ruanda – República Democrática do Congo. Houve um encontro este verão em Luanda. Há soluções à vista?

Nós estamos bastante optimistas no geral, mais concretamente em relação a este conflito. Temos razões de sobra para estarmos optimistas, uma vez que alguns passos expositivos já foram dados, no sentido da resolução do conflito, nomeadamente, e como citei na sala, o facto de ter havido troca de prisioneiros, com a nossa mediação. Além do facto de ter decorrido, em Luanda, a reunião da comissão bilateral ou mista entre os dois países ou ainda o facto de os dois chefes de Estado terem voltado a falar, pelo menos telefonicamente. Eles têm falado com alguma regularidade e não só por telefone, ainda agora em Nova Iorque, à margem da Assembleia das Nações Unidas, falaram os dois, na presença do Presidente francês, Emmanuel Macron. Nós estamos satisfeitos e acreditamos que o mais rápido possível vamos chegar a um desfecho do conflito.

O que falta fazer, acabar com o conflito?

O que falta fazer é, com certeza, acabar com o conflito, mas falta pouco, pouco, pouco. Eu fiquei de ir a Kinshasa, na primeira oportunidade que puder, propus ir a Kigali e, quem sabe, terminarmos em Luanda.

Quando é que isso vai acontecer?

Logo que seja possível. Os nossos calendários estavam condicionados a este período eleitoral, que já terminou. A partir de agora vamos retomar com força este dossier.

O senhor Presidente também falou, aquando da última questão que lhe foi colocada (durante a abertura do fórum) do conflito que assola Moçambique. Moçambique que não esteve presente neste fórum e vive uma situação muito problemática há vários anos.

Sim, com certeza. Lamentavelmente, Moçambique está a travessar um mau momento e, com isso, todo o mundo está a sofrer, porque se Moçambique estivesse em paz, o mundo estaria já a beneficiar do gás produzido ali, em Cabo Delgado. Não esteve presente, mas estamos aqui nós para o representar.

O Presidente senegalês, Macka Sall, referia o facto de existir uma escassez de cereais, por causa do conflito que vive a Ucrânia. Macky Sall lembrou que o preço do petróleo também está a aumentar. Angola pode jogar um papel importante, uma vez que é o segundo maior país produtor de petróleo em África?

Sim, nós podemos jogar um papel importante uma vez que somos o segundo maior produtor de petróleo no continente africano. O mundo está aflito, podemos assim dizer, com a problemática da energia. Angola não só pode contribuir com combustíveis fósseis, mas também estamos a estudar com uma empresa alemã a possibilidade da produção de hidrogénio verde em Angola, que é uma fonte de energia limpa e exportável para a Europa e para quem precisar dela.

A África lusófona muito rica em energia, através de Angola e de Moçambique.

Felizmente temos importante cursos de água. A produção energética em Angola é sobretudo hidroeléctrica, não é poluente. É uma fonte limpa. Estamos também a fazer importantes investimentos no solar, começámos na província de Benguela, já foram inaugurados dois importantes parques. Vamos fazer um investimento bem maior do que o de Benguela no sul de Angola, nomeadamente, no Namibe, na Huíla, no Cunene.

Que tanto sofrem com a seca…

Com certeza. Já temos garantido o financiamento americano com a garantia do banco americano. É um projecto que vai arrancar em breve.

Uma última questão relativa às eleições autárquicas, para quando?

Quando houver condições. Como sabe o pacote legislativo autárquico não está terminado. Enquanto isso não acontecer não posso assanhadamente, se me permite a expressão, convocar eleições.

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