• 12 de Dezembro, 2024

Angola pode rever encerramento das fronteiras com sete países

 Angola pode rever encerramento das fronteiras com sete países

Foto de Francisco Miudo

A ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, minimizou, domingo (5), em Lisboa, o impacto económico do encerramento das fronteiras do país com sete Estados da região Austral do continente, devido ao surgimento de uma nova variante da Covid-19, o Ómicron.

Carolina Cerqueira, que falava aos jornalistas, à margem da sua participação num fórum do Movimento Internacional Lusófono, em representação do Presidente João Lourenço, admitiu que a medida vai trazer consequências como as que até agora a própria pandemia trouxe, mas não descartou a hipótese de revê-la e adaptá-la, com o evoluir da situação. Angola encerrou, temporariamente, as fronteiras com a África do Sul, Botswana, eSwatini, Malawi, Moçambique, Namíbia e Zimbabwe.

Importância da língua portuguesa

A ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, participou sábado e ontem, em Carcavelos (Portugal), num fórum do Movimento Internacional Lusófono, integrado no V Congresso da Sedes, evento ontem encerrado pelo Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

Carolina Cerqueira, em representação do Presidente João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da CPLP, esteve acompanhada pelo embaixador de Angola em Portugal, Carlos Alberto Fonseca, e pela secretária de Estado para o Ambiente, Paula Coelho. Na sua intervenção, a ministra de Estado sublinhou a importância da língua portuguesa, pois “mais do que um idioma de sinergias que liga mais de 280 milhões de falantes no contexto dos cinco continentes” ela “assume-se como factor de unidade estratégica dos nossos povos e nações e como pilar de sustentação cultural, social, económica e até política, um potencial estratégico que Angola tem sabido preservar e promover”.

Em relação à posição de Angola, numa altura em que o país assume a presidência em exercício da CPLP, a ministra de Estado Carolina Cerqueira disse que “é chegada a hora de estender a CPLP para a esfera social e económica, tendo em conta a realidade de cada um dos países.

“O Governo de Angola tem vindo a implementar formas de inclusão financeira para envolver as classes menos favorecidas, por via de diferentes programas, com destaque para os de desenvolvimento local e combate contra a fome e a pobreza, mediante os quais estão a ser assistidas mais de seis milhões de pessoas”, informou.

Disse que no país está a ser promovido o aumento dos cuidados primários de saúde, o empoderamento da mulher, a cidadania e o fomento da produção agropecuária e pescas, resumidos na componente da inclusão produtiva das famílias beneficiadas.

Como exemplos, Carolina Cerqueira pormenorizou que “o Kwenda (termo kimbundu que significa andar) é a primeira experiência de transferências monetárias directas às famílias carentes, e tem por objectivo de melhorar as condições de vida das famílias mais vulneráveis”.

Visões que se cruzam

Sobre as perspectivas que se abrem, Carolina Cerqueira sublinhou as visões do Movimento Internacional Lusófono e de Angola que se cruzam, fazendo referência que o Chefe de Estado, João Lourenço, quando assumiu a presidência rotativa da CPLP, havia perspectivado uma instituição financeira.

“Somos uma força política e cultural a considerar, podemos ser também uma força económica relevante se trabalharmos para isso”, disse Carolina Cerqueira, citando a passagem de uma declaração do Presidente João Lourenço.
No âmbito da busca de mecanismos de financiamento, acrescentou que é um desafio começar-se a pensar na pertinência e viabilidade, ainda que remota, da criação de um Banco de Investimentos da CPLP.

Em relação ao futuro da organização, disse que “chegou a hora de estender a CPLP para a esfera social, cultural e económica, a favor das populações, visando assegurar-lhes os benefícios económicos da língua”, bem como reforçar os laços entre os povos para que a comunidade faça parte do quotidiano das pessoas de todas as gerações.

Pela sua história, o compromisso de Angola com a paz é uma realidade em construção permanente e, nesse contexto, o país aceitou, com orgulho e devoção, o desafio de ser a capital da paz no continente africano, por via da Bienal de Luanda, Fórum Pan-Africano para  a Cultura de Paz, cuja segunda edição encerrou na última semana, na actual capital da CPLP (Luanda).

“A economia azul deve ser objecto de transferência de conhecimento, partilha de experiências e identificação de oportunidades comuns para a sustentabilidade ambiental e económica dos oceanos que banham os países lusófonos”, prosseguiu.

Segundo a ministra de Estado, a perspectiva de abertura de uma Área Lusófona de Comércio Livre é, não apenas pontual e oportuna, também uma vontade já manifestada por Angola, de ver aumentadas as trocas comerciais no espaço dos 8, para o que será indispensável que as economias dos países lusófonos se tornem mais atractivas e, claramente, competitivas.

Carolina Cerqueira referiu ainda que o Governo de Angola está a tomar uma série de medidas de ajustamento que se impõem no domínio da economia, à luz das reformas económicas que decidiu equacionar, mas também tornar mais segura, articulada, pontual e conforme a livre circulação de capitais, bens e pessoas, no contexto dos países.

Na realidade, de acordo ainda com a governante, precisa-se tirar o melhor proveito do enorme potencial económico, industrial, agropecuário, pesqueiro e turístico existente na lusofonia, em muitos casos por explorar, e que deve ser alvo da atenção da comunidade para transformá-lo em riqueza real nos vários domínios e a todos os níveis.

Artigos relacionados